Mundo chega a 2 milhões de mortos sem plano de coordenação ou solidariedade
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Resumo da notícia
- Covid-19 se aproxima do pior momento das mortes causadas pelo vírus HIV
- Coronavírus matou mais que malária e tuberculose juntar em um ano,
- Entidades alertam que crise até não mobilizou um plano global de resposta e vacinas estão restritas aos países ricos
Numa constatação sombria, as entidades internacionais irão alertar que o mundo ultrapassará a marca de 2 milhões de mortos pela covid-19 nas próximas horas sem ainda um plano de coordenação global e sem a solidariedade necessária para colocar fim à crise.
A pandemia, que teve início há pouco mais de um ano, gerou a maior crise social e econômica em décadas, reduziu a expectativa de vida em alguns países, demonstrou a fragilidade inclusive de superpotências e abalou o tecido social em diversas comunidades.
Governos viram suas coalizões racharem diante da resposta à crise, enquanto eleições serviram em diferentes partes do mundo como um termômetro da recusa de uma população em chancelar líderes que ignoraram seu sofrimento.
Mas a constatação da OMS é de que, mesmo com a esperança da vacina e a vitória da ciência, a marca de 2 milhões de mortos é atingida num momento perigoso da pandemia. Os números batem recordes, a transmissão se acelera e, por semana, já são 5 milhões de novos infectados.
Com 16 mil mortos diários, o número global mantido pela Universidade Johns Hopkins deve superar o patamar de 2 milhões de óbitos nas próximas horas.
A liderança é dos EUA, com uma média de 2,2 mil mortos por dia na última semana e superando o patamar mais crítico de abril de 2020. São 387 mil óbitos no total no país, contra pouco mais de 200 mil no Brasil, o segundo colocado num ranking macabro. A lista é ainda seguida por Índia, México e Reino Unido.
Mas a constatação na OMS é de que, hoje, a covid-19 já matou mais que a malária e tuberculose mataram em um ano. A taxa ainda supera o auge da Aids, quando o HIV fez entre 1,7 milhão de mortos em 2005.
Hoje, a covid-19 já matou três vezes mais que a Aids em 2019, último ano com dados completos mantidos pela UN Aids.
Na agência internacional de saúde, a decisão de convocar para essa semana uma reunião de emergência e as notícias sobre novas mutações colocaram governos em alerta total. O encontro ocorre depois de uma semana de óbitos em um patamar inédito: 85 mil pessoas.
Vacinas: ricos se vacinam, pobres ficam para o fim da fila
Mas a constatação das entidades internacionais é de que a crise ganhou uma dimensão ainda mais profunda por conta da ausência de um plano global de resposta à pandemia e diante de uma coordenação inexistente.
A marca dos 2 milhões de mortos ainda ocorre num momento em que o sistema criado na OMS para garantir vacinas a todos é incapaz de agir diante da falta de recursos. Resultado: enquanto mais de 40 países ricos já iniciaram a vacinação, há um profundo vácuo de vacinas para mais de 5 bilhões de pessoas nos países mais pobres do planeta.
"A ciência está tendo êxito. Mas a solidariedade não", alertará a ONU. Enquanto a Europa garante aos seus cidadãos que todos os estoques estarão lotados de vacinas até abril, que a China planeja 50 milhões de pessoas vacinadas em fevereiro e que os EUA aceleram a distribuição de vacinas em shoppings e até na Disney, os quase cem países mais pobres do mundo não viram uma só dose por enquanto. As prateleiras foram esvaziadas por um grupo restrito de governos.
Um dos fenômenos dos últimos dias tem ainda sido a busca de autoridades por acordos bilaterais extras com empresas farmacêuticas, gerando uma inflação no preço da vacina e deixando o sonho de uma campanha de imunização em massa ainda mais distante para dezenas de países.
Para a OMS, o nacionalismo de vacinas ameaça hoje atrasar o controle do vírus. E não salvar o planeta.
A agência também insiste que, mesmo com a ciência, não haverá uma imunização de rebanho no mundo em 2021 e que a única solução é manter as medidas de distanciamento. Algumas projeções, porém, alertam que a pandemia pode fazer 2,8 milhões de mortes antes de começar a ser controlada.
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