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Mesmo com pandemia, mundo registra alta em gastos militares em 2020
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Resumo da notícia
- Brasil sofre contração em gastos e passa de 13o maior investidor no setor para 15o, com US$ 19,7 bilhões
- EUA e China lideram aumento de despesas com militares
- Total global chega a quase US$ 2 trilhões
Nem a pior crise econômica em décadas ou a perdas de 3 milhões de vidas por uma pandemia que deixou o mundo de joelhos conseguiram impactar os gastos militares das maiores potências.
Dados publicados neste domingo pelo Instituto Internacional de Pesquisas da Paz (Suécia) e que serve de referência global para o tema revelam que quase 2 trilhões de dólares foram gastos em 2020, um aumento de 2,6% em termos reais em comparação a 2019.
Os cinco maiores investidores em 2020, que juntos representaram 62% das despesas militares globais, foram os Estados Unidos, China, Índia, Rússia e o Reino Unido. Os gastos militares da China cresceram pelo 26o ano consecutivo.
O aumento se contrasta com uma queda do PIB mundial de 4,4%. Como resultado, os gastos militares como parte do PIB, atingiram uma média global de 2,4% em 2020, acima dos 2,2% em 2019. Este foi o maior aumento anual desde a crise financeira e econômica global em 2009.
O instituto, porém, destaca que se os gastos militares aumentaram globalmente, alguns países reavaliaram parte de seus gastos militares planejados diante da pandemia, como o Chile e a Coreia do Sul.
Despesas no Brasil sofrem queda
Na América do Sul, a redução de gastos militares foi de 2,1%, com o Brasil contraindo seus gastos em 3,1%. Como resultado, o Brasil passou a representar apenas 1% dos gastos militares do mundo e caiu duas posições no ranking dos governos que mais destinam recursos aos militares. Em 2019, o Brasil era o 13o colocado. Agora, é o 15o, com US$ 19,7 bilhões ao setor.
"Os custos econômicos da pandemia parecem ter tido um impacto", diz o estudo. De acordo com o Instituto, os militares no Brasil receberam apenas 88% dos recursos que tinham sido originalmente previstos no orçamento.
Na média global, porém, os gastos continuaram elevados. "Podemos dizer com alguma certeza que a pandemia não teve um impacto significativo nos gastos militares globais em 2020", disse Diego Lopes da Silva, Pesquisador do Programa de Armas e Despesas Militares do Instituto. "Resta saber se os países manterão este nível de gastos militares durante um segundo ano da pandemia", questiona.
A alta, de uma forma geral, ocorreu por conta dos gastos ainda elevados nos EUA e China. "Em 2020, as despesas militares dos EUA atingiram um valor estimado em 778 bilhões de dólares, o que representa um aumento de 4,4% em relação a 2019", disse.
"Como o maior gastador militar do mundo, os EUA foram responsáveis por 39 por cento do total das despesas militares em 2020. Este foi o terceiro ano consecutivo de crescimento dos gastos militares dos EUA, após sete anos de reduções contínuas", explicou.
"Os recentes aumentos nos gastos militares dos EUA podem ser atribuídos principalmente a investimentos em pesquisa e desenvolvimento, e vários projetos de longo prazo, como a modernização do arsenal nuclear dos EUA e a aquisição de armas em larga escala", disse Alexandra Marksteiner, pesquisadora do Programa de Armas e Despesas Militares do Instituto.
"Isto reflete a crescente preocupação com as ameaças percebidas de concorrentes estratégicos como a China e a Rússia, bem como o esforço da administração Trump para reforçar o que ela via como um exército americano enfraquecido". constatou.
Mas o levantamento também destaca que despesas militares da China, a segunda maior do mundo, tenham totalizado 252 bilhões de dólares em 2020. "Isto representa um aumento de 1,9% em relação a 2019 e de 76% durante a década de 2011-20", destacou.
"Os gastos da China aumentaram por 26 anos consecutivos, a série mais longa de aumentos ininterruptos de qualquer país.
Nan Tian, pesquisador do Instituto, aponta que o crescimento contínuo dos gastos chineses deve-se em parte aos planos de modernização e expansão militar de longo prazo do país, em linha com o desejo declarado de alcançar outras potências militares líderes".
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