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Secretário-geral da ONU pede defesa do estado de direito no Brasil
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Numa rara declaração sobre a situação doméstica do Brasil, a ONU diz que seu secretário-geral, Antônio Guterres, apela ao diálogo e destacou a importância de que o estado de direito no país seja preservado.
O comentário foi emitido um dia depois das manifestações do dia 7 de Setembro e que geraram preocupação internacional. "O Secretário-Geral está acompanhando de perto a situação no Brasil e observa que as mobilizações sociais realizadas no Dia da Independência aconteceram de forma pacífica", disse a assessoria de imprensa da ONU, por meio de um comunicado enviado à coluna.
"Ele (Guterres) reitera a importância de defender o estado de direito para enfrentar os desafios atuais do país e apela a todos os principais atores políticos para que resolvam as diferenças através do diálogo", completou.
A declaração ocorre duas semanas antes da viagem de Jair Bolsonaro para Nova Iorque. Tradicionalmente, é o Brasil o primeiro a subir na tribuna da ONU para abrir a Assembleia Geral da instituição.
Antes dos atos do 7 de Setembro, o Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos também havia emitido um comunicado, alertando sobre os ataques do presidente Jair Bolsonaro contra instituições como o STF. A mesma preocupação foi demonstrada pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
Preocupação mundial
Um tom mais duro foi usado pelo americano Kenneth Roth, diretor-executivo da entidade Human Rights Watch, ex-procurador federal dos EUA e uma das vozes mais ativas no campo dos direitos humanos no mundo.
"Estamos muito preocupados com os ataques de Bolsonaro contra a democracia", disse o chefe de uma das principais entidades de direitos humanos no cenário internacional.
Roth considera que, nos atos de 7 de Setembro, Bolsonaro "repetiu" a cartilha de Donald Trump ao questionar sem base uma suposta fraude nas eleições, além de atacar jornalistas e sociedade civil.
"Temos fé na democracia brasileira", disse. "Mas Bolsonaro faz o que pode para minar essa democracia. É uma preocupação não apenas para os brasileiros. Mas para o resto do mundo e estamos acompanhando de muito perto o que está ocorrendo", afirmou.
Roth insiste, porém, que tem esperança de que a democracia brasileira vai resistir aos ataques por parte do presidente. "Temos confiança nas instituições brasileiras. Os controles funcionam, a imprensa fez seu trabalho, assim como existe uma sociedade civil sólida", disse. Mesmo assim, ele alerta que o momento é de "gerar pressão" sobre Bolsonaro.
Repercussão: "Ecos de Hugo Chávez"
Fontes diplomáticas confirmaram à coluna que o tom usado por Bolsonaro em seus discursos nos atos do 7 de setembro "assustou", principalmente no que se refere aos ataques contra o Supremo Tribunal Federal e sua insistência que só Deus o tiraria da presidência.
"Parecia que estávamos ouvindo os ecos de Hugo Chávez", disse um negociador europeu, na condição de anonimato e numa referência ao populismo do ex-presidente da Venezuela. Uma representante do governo da Suíça também confirmou à reportagem que a situação brasileira está sendo "acompanhada de perto".
Uma carta ainda assinada por dezenas de parlamentares e ex-presidentes de mais de 20 países também chamou a atenção para a crise brasileira, enquanto serviços diplomáticos e mesmo adidos militares saem em busca de informação sobre quais serão os próximos passos do presidente.
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