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Em Paris, chanceler brasileiro não é recebido por governo francês
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O chanceler brasileiro Carlos França desembarcou nesta semana em Paris para a reunião ministerial da OCDE. Mas não será recebido pelo ministro de Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian. A coluna apurou que o Itamaraty solicitou um encontro com o representante do governo de Emmanuel Macron. Não houve, porém, uma resposta positiva por parte dos europeus.
Procurado na segunda-feira e de novo nesta terça-feira, o Itamaraty não deu respostas à reportagem. A embaixada do Brasil em Paris apenas confirmou que não haverá o encontro.
A coluna obteve a agenda do ministro francês que, de fato, revela encontros bilaterais com outros ministros estrangeiros, entre eles José Manuel Albares (Espanha), Antony Blinken (EUA), Eui-Yong Chung (Coreia), além de reuniões com embaixadores franceses em postos na África e sua presença na reunião ministerial da OCDE.
A reportagem apurou que existe um movimento por parte dos franceses de evitar qualquer envolvimento maior com o governo brasileiro, principalmente num período pré-eleitoral na França.
Nos últimos dois anos e meio, a relação entre Brasil e França viveu momentos de tensão e constrangimento. Antes mesmo de assumir a presidência, Jair Bolsonaro foi alvo de questionamentos por parte de Macron. Em Buenos Aires, para um encontro no final de 2018, o francês colocou em dúvida o compromisso do Brasil na questão ambiental.
A situação ficou ainda mais incômoda quando Bolsonaro deixou de receber Le Drian, em uma visita ao Brasil. O encontro estava agendado e, poucos minutos antes, o presidente brasileiro decidiu anular a conversa. No lugar do encontro, ele fez uma live cortando o cabelo.
Naquela época, o jornal Le Monde indicou que fontes da diplomacia francesa indicaram que o ministro esnobado por Bolsonaro manteve "a calma dos velhos de guerra". Dois anos depois, ele não recebeu o chefe da diplomacia do presidente brasileiro.
Outros episódios também marcaram a relação bilateral. Durante a cúpula do G7, em 2019 na França, Macron deixou o Brasil de fora e convidou o Chile como o interlocutor latino-americano.
Dias depois, o chefe de Estado em Paris foi alvo de ataques por parte de Bolsonaro, que sugeriu uma crítica à aparência da esposa do presidente francês. Macron, naquele mesmo evento, falou na internacionalização da Amazônia, ampliando a crise entre os dois países.
A crise, porém, ganhou novos patamares quando Macron passou a ser um dos principais opositores à ratificação do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, sob o argumento de que as políticas ambientais do país não atendiam os critérios europeus.
Mais recentemente, porém, Macron tem usado o Brasil de Bolsonaro como plataforma para sua campanha eleitoral, principalmente ao tentar demonstrar aos ecologistas que seu compromisso em defender o planeta é real. Para isso, vetou qualquer acordo comercial com o Mercosul e chegou a falar no crime de ecocídio.
Outro protagonista da tensão tem sido Luis Fernando Serra, embaixador do Brasil em Paris. Ele não compareceu à Assembleia Nacional francesa, para uma audiência na qual foi convidado para falar sobre o desmatamento no país. Em cartas, ele atacou o jornal Le Monde por sua cobertura sobre o Brasil e concedeu entrevistas polêmicas para os meios de imprensa na França.
Sua embaixada em Paris, porém, é alvo de repetidos protestos, inclusive com faixas com a palavra "genocida".
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