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OMS: mundo precisará de novas vacinas para evitar transmissão e lockdowns
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Resumo da notícia
- Atual geração de imunizantes garante queda em doenças severas, mas não de transmissão
- Ômicron: eficácia da vacina cai, mas proteção contra doença severa é preservada
Cientistas reunidos pela OMS (Organização Mundial da Saúde) concluíram que o mundo precisará desenvolver uma nova geração de vacinas que consiga impedir a transmissão da covid-19 e para que medidas sociais de confinamento sejam abandonadas. Só novos imunizantes poderão ainda evitar a atual necessidade de doses de reforços, o que não é considerado como sustentável pelos técnicos.
O grupo ainda apontou que os imunizantes existentes contra a covid-19 terão suas eficácias reduzidas diante da variante ômicron. Mas o efeito das doses para evitar doenças severas está preservado.
Os cientistas publicaram suas conclusões nesta terça-feira, alertando que a ômicron dificilmente será a última variante da covid-19.
Nas últimas semanas, o mundo viu uma explosão no número de novos casos da pandemia, com mais de 9 milhões de novas contaminações, inclusive entre vacinados. Mas a taxa de mortalidade caiu.
Para frear a proliferação de casos, empresas terão de colocar no mercado novos produtos. Só assim, medidas sociais poderão ser repensadas ou abandonadas.
De acordo com os técnicos, "para a variante ômicron, o perfil mutacional e os dados preliminares indicam que a eficácia da vacina será reduzida contra doenças sintomáticas causadas pela variante ômicron, mas é mais provável que a proteção contra doenças graves seja preservada".
A OMS, porém, indica que são necessários mais dados sobre a eficácia da vacina, particularmente contra hospitalização, doenças graves e morte, para chegar a uma constatação final.
Enquanto os dados ainda não são produzidos, a agência insiste que governos precisam ampliar suas campanhas de vacinação e dar prioridade para locais que ainda contam com baixa taxa de cobertura. O objetivo é "proporcionar proteção contra doenças graves e morte em todo o mundo e, a longo prazo, mitigar o surgimento e o impacto de novas variantes, reduzindo a carga da infecção".
"Em termos práticos, enquanto alguns países podem recomendar doses de reforço de vacinas, a prioridade imediata para o mundo está acelerando o acesso à vacinação primária, particularmente para grupos com maior risco de desenvolver doenças graves", disse.
Para a OMS, uma estratégia de dar terceira ou quarta dose a uma população, enquanto bilhões de pessoas continuam sem vacinas, não funcionará.
"Uma estratégia de vacinação baseada em doses repetidas de reforço da composição original da vacina é improvável que seja apropriada ou sustentável", alertou.
Futuras vacinas terão de ser desenvolvidas para frear transmissão
A agência ainda insiste que, diante da permanência do vírus na sociedade, será ainda necessário o desenvolvimento de vacinas com "alto impacto na prevenção da infecção e transmissão, além da prevenção de doenças graves e da morte".
"Até que tais vacinas estejam disponíveis, e à medida que o vírus SARS-CoV-2 evolui, a composição das atuais vacinas pode precisar ser atualizada, para garantir que as vacinas continuem a fornecer níveis de proteção contra infecções e doenças recomendados pela OMS pelas variantes, incluindo ômicron e futuras variantes", diz a entidade.
Para os cientistas, empresas precisam considerar uma mudança na composição da vacina:
- Para garantir que as vacinas continuem a atender aos critérios estabelecidos na OMS para vacinas COVID-19, incluindo a proteção contra doenças graves
- Para melhorar a proteção induzida pela vacina.
Para esse objetivo, as vacinas precisam ser feitas a partir de cepas que são geneticamente e antigenicamente próximas às variantes. Além de dar proteção contra doenças graves e morte, elas devem "ser mais eficaz na proteção contra infecções, diminuindo assim a transmissão comunitária e a necessidade de medidas sociais e de saúde pública rigorosas e de amplo alcance".
A OMS também quer imunizantes que possam obter respostas imunológicas "amplas, fortes e duradouras, a fim de reduzir a necessidade de doses sucessivas de reforço".
Na busca pelas novas vacinas, os cientistas sugerem que as empresas e institutos considerem algumas opções. Uma delas seria uma vacina monovalente que gere uma resposta imunológica contra as variantes predominantes em circulação.
O problema é que tal caminho possa enfrentar o desafio do rápido aparecimento de novas variantes do SARS-CoV-2.
Outra opção seria uma vacina multivalente contendo antígenos de diferentes variantes a SARS-CoV-2. Há ainda a possibilidade de uma "vacina pan SARS-CoV-2", o que seria mais sustentável a longo prazo e efetivamente à prova de variantes.
O grupo de cientistas também pede que os fabricantes de vacinas gerem e forneçam dados sobre o desempenho dos atuais imunizantes, incluindo a amplitude, magnitude e durabilidade das respostas imunes.
"Estes dados serão considerados no contexto da estrutura mencionada acima para informar as decisões quando mudanças na composição da vacina forem necessárias", explicou.
A OMS ainda considera importante que os fabricantes de vacinas tomem medidas a curto prazo para o desenvolvimento e teste de vacinas com variantes predominantes em circulação e compartilhassem esses dados com a agência
A partir dessas informações, os cientistas aconselharão então a OMS sobre a "composição da cepa da vacina que poderia ser potencialmente desenvolvida como uma vacina monovalente com a variante predominante em circulação ou uma vacina multivalente derivada de diferentes variantes".
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