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Enviado de Biden diz que vai acompanhar caso de desaparecidos na Amazônia
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O enviado do governo de Joe Biden para o Clima, John Kerry, sinalizou que vai se comprometer em buscar respostas para o desaparecimento do indigenista brasileiro Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips. Ambos estavam em uma expedição na Amazônia e a indicação de Kerry aumenta a pressão sobre o governo brasileiro, às vésperas do encontro entre Jair Bolsonaro e o presidente americano.
O relato do caso ao americano foi feito pela líder indígena Sonia Guajajara, que postou nas redes sociais vídeos do encontro com o representante de Biden. "Vamos dar seguimento", Kerry indicou. O americano, então, pediu que seus assistentes tomassem nota dos detalhes do caso. A indígena brasileira, num segundo vídeo, se queixava da lentidão das buscas. Ela está em Nova York.
Sian, a irmã do jornalista desaparecido, também pediu aos governos do Reino Unido e dos EUA que pressionassem o governo de Jair Bolsonaro. O brasileiro será recebido nesta semana por Biden, em Los Angeles. "Ele não fará nada sem a ter a pressão sobre ele", disse a irmã.
No Brasil, membros do Itamaraty indicaram que temiam que os desaparecimentos na Amazônia ampliassem a pressão internacional sobre o governo de Jair Bolsonaro, por conta do que é interpretado como uma chancela das autoridades à violência na região.
A notícia ocorre num momento delicado para a diplomacia brasileira. Em Paris, nesta semana, a OCDE realiza sua reunião anual e prevê debater a adesão do Brasil. Ainda que o processo não tenha data para ser encerrado, negociadores europeus já indicaram que, sem um compromisso real do Brasil de lutar contra o desmatamento na Amazônia e a defesa das terras indígenas, não haverá um avanço real no debate sobre a entrada do país ao clube.
Ministros como Paulo Guedes (Economia) e José Carlos Oliveira (Trabalho) estarão em Paris para liderar o lobby por uma adesão do país. Mas funcionários do Itamaraty admitem que a notícia sobre o desaparecimento de um estrangeiro com projeção global "não ajuda" no processo de convencimento.
A notícia tampouco ajuda a agenda que Jair Bolsonaro esperava manter nos EUA, durante a Cúpula das Américas a partir de quarta-feira. O temor do Palácio do Planalto é de que o presidente seja cobrado ao visitar os EUA.
O caso dos dois desaparecidos reabre, segundo experientes diplomatas, o cenário da morte de Dorothy Stang, missionária americana morta em 2005 no Pará. O caso ganhou repercussão internacional e causou constrangimento para o governo no exterior.
Naquele momento, documentos revelaram que o governo dos EUA desconfiava da capacidade da Justiça brasileira.
Telegramas publicados pelo grupo Wikileaks indicaram como os americanos tinham "sérias preocupações de que a polícia pode estar comprometida por ligações impróprias com grandes donos de terra na região que estão envolvidos em apropriação ilegal de terra e desmatamento", diz um telegrama da diplomacia americana de 22 de fevereiro de 2005. Naquele momento, houve uma pressão sobre o então ministro da Justiça, Marcio Thomas Bastos, é até a participação do FBI nas investigações realizadas no Brasil.
No caso do desaparecimento nesta semana, o temor é de que o caso possa abrir o debate sobre o descontrole que existe na região, a terra sem lei que se transformou a Amazônia e o papel das lideranças políticas em incentivar ataques. Para Izabella Teixeira, ex-ministra de Meio Ambiente, o caso tem o potencial de ser "desastroso" para o Brasil.
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