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OCDE cobrará democracia e ação contra desmatamento para aceitar Brasil
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Resumo da notícia
- Conselho da OCDE aprovou nesta sexta-feira o início formal do processo de adesão do país, o que pode levar até dois anos para ser concluído
- Dezenas de critérios foram estabelecidos, inclusive sobre combate à corrupção
Para que o Brasil possa entrar na OCDE, o país terá de seguir um verdadeiro périplo de transformação das atuais políticas. As cobranças apontam ainda a exigência de que a democracia e de combate ao desmatamento façam parte dos elementos que serão considerados na candidatura do Brasil.
O "mapa de acesso" foi aprovado pelo Conselho da OCDE nesta sexta-feira e, em uma versão preliminar do texto do acordo obtido com exclusividade pelo UOL, fica claro que o caminho do país é longo e que a lição de casa é considerada como "enorme" por observadores. Diplomatas estimam que serão necessários dois anos para a conclusão do processo. Na prática, o Brasil de 2022 não teria chance de ser aceito, nas atuais condições das políticas de direitos humanos, ambientais e de estado de direito.
A adesão apenas será chancelada se todos os membros atuais da instituição derem o sinal verde. O presidente Jair Bolsonaro havia colocado a adesão como sua prioridade internacional. Mas a resistência internacional diante de sua postura sobre direitos humanos, democracia e clima é considerado como um obstáculo real.
Países que já fazem parte da OCDE alertam que, se o pacote foi aprovado, o início do processo não é endosso ao que está ocorrendo e prometem que o processo de revisão vai ser rigoroso.
Num dos principais trechos do pacote, a entidade aponta que vai exigir do Brasil um compromisso com a democracia. O texto diz que o país terá de se comprometer com:
"Uma sólida estrutura de governo, incluindo a separação de poderes e a capacidade de manter o Estado de direito e fortalecer continuamente a confiança nas instituições e na democracia".
Parar e reverter desmatamento
Outro ponto fundamental é a questão ambiental. A OCDE cobrará ações reais para o clima, assim como "parar a reverter" o desmatamento. A entidade também fala abertamente na necessidade de proteção de indígenas.
O documento pede, portanto, o seguinte:
"O desenvolvimento e implementação de estratégias e políticas ambientais e climáticas eficazes e ambiciosas com o objetivo de atingir emissões líquidas zero de gases de efeito estufa até 2050 e metas de médio prazo compatíveis com este caminho, demonstrando ao mesmo tempo a implementação real através de sistemas de transparência robustos e sem recuos em implementar políticas transparentes e baseadas em metas para garantir a conservação da biodiversidade a longo prazo e seu uso sustentável, incluindo a parada e reversão da perda da biodiversidade, o desmatamento e a degradação da terra até 2030, bem como proteger outros ecossistemas vitais, através de uma combinação eficiente de instrumentos econômicos e regulatórios e a integração dos objetivos relacionados à biodiversidade nas políticas setoriais, bem como tomar ações efetivas que sejam implementadas no terreno, respeitando e fazendo valer os direitos dos povos indígenas e comunidades locais".
O "mapa de acesso" do Brasil ainda inclui a necessidade do combate à corrupção, um elemento já criticado publicamente pela OCDE nos últimos meses.
A lista ainda inclui dezenas de critérios e exigências em diferentes setores, como agricultura, pesca, siderurgia, tecnologia e vários outros segmentos da administração pública.
Ao longo dos próximos meses, avaliações serão feitas para saber se o Brasil está seguindo as recomendações ou como argumenta que alguns desses critérios possam estar sendo implementados.
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