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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Sob críticas de Bolsonaro, estrangeiros começam monitoramento de eleição

18.jul.2022 - O presidente Jair Bolsonaro (PL) ataca o sistema eletrônico de votação em reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada, em Brasília. - Clauber Cleber Caetano/PR
18.jul.2022 - O presidente Jair Bolsonaro (PL) ataca o sistema eletrônico de votação em reunião com embaixadores no Palácio da Alvorada, em Brasília. Imagem: Clauber Cleber Caetano/PR

Colunista do UOL

25/09/2022 14h32

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A missão da OEA (Organização dos Estados Americanos) deu início aos trabalhos de monitoramento da eleição no Brasil. A coluna apurou que uma parcela dos observadores já está no país e, até o início da semana, a equipe completa de 55 pessoas estará atuando.

Se originalmente a ideia do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) era a de contar com missões de diversos outros organismos internacionais, a realidade é que o governo de Jair Bolsonaro vetou a participação da União Europeia.

Em julho, diante de embaixadores estrangeiros, Bolsonaro ironizou a presença dos observadores. "Eu peço aos senhores, o que essas pessoas vêm fazer no Brasil? Vêm observar o quê que o voto é totalmente informatizado? Vêm dar ares de legalidade (ao processo)? Vêm dizer que tudo ocorreu numa normalidade?", questionou o presidente.

"Eu tenho dezenas e dezenas de vídeos por ocasião das eleições de 2018, onde o eleitor ia votar e simplesmente não conseguia votar", disse Bolsonaro.

Conforme o UOL revelou com exclusividade, governos estrangeiros se articulam para legitimar o resultado das urnas no Brasil, assim que o resultado for chancelado pelo TSE. O objetivo é o de impedir que um dos grupos políticos questione a lisura do processo. Neste caso, a presença de observadores internacionais pode ser um fator importante.

A equipe da OEA será liderada pelo ex-chanceler do Paraguai, Rubén Ramírez Lezcano e conta com observadores de 17 nacionalidades. No ano passado, o diplomata chefiou a missão da OEA para a eleição no Peru na qual Pedro Castillo derrotou Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto Fujimori.

Uma das orientações da missão neste ano foi a de não concentrar sua equipe em algumas algumas poucas cidades. Por isso, os observadores foram enviados para 15 estados, entre eles Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, além do Distrito Federal.

Também foi determinado que o processo de acompanhamento dos votos ocorra no exterior. Para isso, três cidades foram escolhidas para receber os observadores: Porto, Miami e Washington.

De acordo com a OEA, a equipe da missão conta com "especialistas que irão monitorar os aspectos chave em matéria de tecnologia e organização eleitoral, votação no exterior, justiça eleitoral, financiamento político, campanhas e liberdade de expressão, participação política de mulheres, participação de grupos indígenas e afrodescendentes e violência eleitoral".

Antes mesmo do dia da eleição, a missão já iniciou os trabalhos e se reúne com as autoridades eleitorais e governamentais, líderes políticos, observadores nacionais e outros representantes da sociedade civil. O objetivo, segundo eles, é "receber diferentes apreciações sobre as eleições".

"Esses encontros, somados à observação direta e à análise dos regulamentos, permitirão à Missão realizar uma análise integral sobre esse processo", afirmou a OEA. 

Essa é a terceira ocasião em que a OEA envia uma missão para observar os processos eleitorais no Brasil. Em 2018 e 2020, os informes produzidos pelo grupo não indicou nenhum padrão de fraude eleitoral, como é argumentado pelo presidente Jair Bolsonaro.

Além da OEA, a eleição também será acompanhada pela União Interamericana de Organismos Eleitorais (Uniore), pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Carter Center e Fundação Internacional para Sistemas Eleitorais.