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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Guerra na Ucrânia: Lula sinaliza que conversará com Biden e Putin

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente dos EUA, Joe Biden - Angela Weiss e Alexey Druzhinin/AFP
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente dos EUA, Joe Biden Imagem: Angela Weiss e Alexey Druzhinin/AFP

Colunista do UOL

04/01/2023 04h00Atualizada em 04/01/2023 10h03

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Em encontros privados com líderes estrangeiros nos últimos dias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou que irá aos EUA se reunir com o presidente Joe Biden e que pretende, por telefone, manter uma conversa também com o presidente russo Vladimir Putin.

O relato foi feito à coluna por três integrantes de diferentes delegações estrangeiras, que estiveram em Brasília para a posse. Ontem o novo chanceler Mauro Vieira conversou com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, e uma viagem aos EUA pode ocorrer em fevereiro. Não há, porém, uma data estabelecida.

A guerra na Ucrânia foi citada em reuniões entre Lula e as delegações estrangeiras. Um dos presidentes que falou da crise internacional foi José Ramos-Horta, líder do Timor Leste e que foi para a posse no dia 1º de janeiro, em Brasília.

Em conversa com o UOL após o encontro, ele relatou que sugeriu ao presidente brasileiro que iniciasse uma costura com líderes da Turquia, Índia, Indonésia, África do Sul e até com a China, para que um grupo fosse estabelecido para mediar uma solução para a guerra.

Na visão de Ramos Horta, nem os americanos e nem os europeus hoje podem ter esse papel, já que formam parte das hostilidades. "Juntos, o Brasil e esses países têm peso e credibilidade no cenário internacional", justificou Ramos Horta, vencedor do prêmio Nobel da Paz.

Em sua avaliação, esse grupo seria capaz de ser ouvido tanto pelos russos quanto pelos ucranianos e americanos. Segundo Ramos Horta, o brasileiro não descartou a sugestão, sinalizando que poderia estudar o plano.

Lula teria dito ao presidente do Timor Leste que não tinha certeza se o Brasil seria importante o suficiente no mundo para ter tal papel. Mas admitiu que, juntos, esses países poderiam ser ouvidos.

Bolsonaro e Putin

Ao longo dos últimos meses, o governo de Jair Bolsonaro gerou polêmicas e críticas internacionais por conta de sua aproximação ao presidente Vladimir Putin. A justificativa no governo era de que o país precisava manter seu acesso aos fertilizantes russos. Foi ainda negociada uma liberação de combustível por parte do Kremlin para abastecer o mercado brasileiro.

Nos organismos internacionais, o Brasil passou a se abster na ofensiva de Europa e EUA de tentar isolar a Rússia e mesmo expulsar o país de mecanismos e órgãos.

Desde o início da crise militar, o Brasil também se recusou a seguir os apelos de europeus e americanos na imposição de sanções econômicas contra a Rússia. De fato, os dados da balança comercial brasileira indicam uma forte expansão do comércio entre os dois países, enquanto o mundo ocidental tentava isolar Moscou.

Em 2021, o Brasil havia importado US$ 5,6 bilhões em bens da Rússia, principalmente no setor de energia e fertilizantes. Em 2022, esse volume chegou a US$ 7,1 bilhões. O valor ainda é quase três vezes superior ao que o Brasil importou da Rússia em 2020.