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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Com Biden, Lula propõe governança global para lidar com clima

Colunista do UOL, em Washington (EUA)

10/02/2023 19h45

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs a criação de uma nova governança global para lidar com o clima. A ideia foi apresentada durante os primeiros minutos da conversa entre ele e Joe Biden, presidente dos EUA, nesta sexta-feira (10), na Casa Branca.

É necessário que estabeleçamos uma nova conversa para construir uma governança global mais forte. Lula a Biden

O brasileiro vem alertando sobre a necessidade de repensar a estrutura internacional, tanto para dar maior poder aos acordos como para que haja um consenso sobre como lidar com a questão climática.

Com a Amazônia em território nacional e um compromisso de liderar a questão climática, o Brasil aposta na criação de uma nova estrutura para se posicionar como protagonista no palco mundial e nas principais decisões no século 21.

"A questão climática, se não tem uma governança global forte, que tome decisões que todos os países sejam obrigados a cumprir, não vai dar certo. Não sei se aqui é o foro certo. Não sei se é a ONU, o G20 ou G8", afirmou. "Mas alguma coisa temos de fazer para obrigar os países, os congressos e empresários a acatar decisões que tomamos em níveis globais", insistiu.

Lula apontou que o Brasil tem um compromisso de reduzir o desmatamento em 80% e que, agora, a meta é de 2030 com desmatamento zero.

Nos últimos anos, a Amazônia foi invadida pela irracionalidade política, irracionalidade humana, porque nós tivemos um presidente que mantava desmatar, mandava garimpo entrar nas áreas indígenas e mandava garimpar nas florestas que nós demarcávamos como reserva na Amazônia. Lula a Biden

"Eu assumi o compromisso de que, até 2030, nós vamos chegar ao desmatamento zero na Amazônia. Nós vamos fazer um esforço muito grande para transformar a Amazônia não num santuário da humanidade. Mas no centro de pesquisa compartilhada com o mundo inteiro para que a gente possa tirar proveito da riqueza e da biodiversidade da floresta e transformar essa riqueza em melhoria da qualidade de vida das pessoas que moram na Amazônia", afirmou.

A Lula, Biden disse que "Brasil e EUA são parceiros naturais para enfrentar os desafios globais atuais e especialmente as mudanças climáticas".

Biden exalta força democrática dos EUA e do Brasil. No Salão Oval, o presidente norte-americano comentou que as democracias de ambos os países "foram duramente testadas e prevaleceram".

Nossas duas nações são democracias fortes e foram duramente testadas e prevaleceram. Em ambos os casos a democracia prevaleceu. Biden a Lula

Biden ainda reafirmou o que teria dito em janeiro a Lula sobre o apoio à "livre vontade do povo brasileiro".

Afirmei nosso acordo inabalável à democracia e quando falamos sobre nossas agendas, elas pareciam muito semelhantes. Eu afirmei o apoio incondicional dos EUA à democracia brasileira e o respeito pela livre vontade do povo brasileiro. Somos as duas maiores democracias do hemisfério e Brasil e EUA se unem para rejeitar a violência política e os ataques às nossas instituições. Eu acredito que, como te falei, acredito que devemos continuar a defender juntos os valores democráticos. Biden a Lula

Em resposta a Biden, Lula agradeceu o apoio do presidente dos Estados Unidos e disse que o "Brasil ficou quatro anos se automarginalizando", em crítica ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O presidente não gostava de manter relações com nenhum país. O mundo dele começava e terminava com fake news, menosprezava relações internacionais. O Brasil não tem contencioso com ninguém, é um país em que o povo gosta de paz, de democracia, de trabalhar, de carnaval, de samba e de muita alegria. É esse o Brasil que nós estamos tentando recolocar no mundo. Lula a Biden

O presidente brasileiro ainda ressaltou que ambas as nações atuem "juntas para nunca mais permitir que haja um novo capítulo do Capitólio e que nunca mais haja o que aconteceu no Brasil, a invasão do Congresso Nacional, palácio do presidente e da Suprema Corte".