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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Governo Lula convida cúpula da ONU para avaliar direitos humanos no Brasil

17.out.22 - O novo Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos Volker Turk, da Áustria, posa em seu escritório no Palais Wilson, durante um photocall para assumir funções oficiais como Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos em Genebra, Suíça - POOL/REUTERS
17.out.22 - O novo Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos Volker Turk, da Áustria, posa em seu escritório no Palais Wilson, durante um photocall para assumir funções oficiais como Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos em Genebra, Suíça Imagem: POOL/REUTERS

Colunista do UOL

02/03/2023 06h54

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Numa reviravolta na posição brasileira, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva convidou o alto comissário da ONU para Direitos Humanos, Volker Turk, para que visite o país. A iniciativa foi feita nesta quinta-feira pelo ministro de Direitos Humanos, Silvio Almeida, que está em Genebra para reuniões bilaterais e encontros com autoridades estrangeiras.

Durante o governo de Jair Bolsonaro, a relação com o escritório de Direitos Humanos da ONU atingiu seu ponto mais baixo. Naquele momento, a liderança da chilena Michelle Bachelet foi recebida como uma ameaça para Brasília.

O ex-presidente chegou a provocá-la, citando a morte de seu pai pelo ditador Augusto Pinochet. O gesto de Bolsonaro gerou indignação internacional.

Em 2022, ao terminar seu mandato, Bachelet não poupou críticas contra o governo Bolsonaro e fez um alerta até mesmo para que a eleição fosse respeitada. Uma vez mais, o Palácio do Planalto reagiu com irritação, criticando o que chamou de "intervenção" em assuntos domésticos.

Agora, num encontro com o sucesso de Bachelet, Silvio Almeida trouxe um discurso radicalmente diferente e abrindo o país para a visita da delegação da ONU.

Durante a reunião, dois temas foram centrais:

  • A proteção dos defensores de direitos humanos
  • Estratégias para lidar com o discurso de ódio

Fila para visitar o Brasil

De acordo com diplomatas, mais de dez relatores da ONU esperam para poder visitar o Brasil. O governo de Jair Bolsonaro não fechou o país para as autoridades. Mas limitou as visitas e escolheu principalmente os temas que eram de interesse das pautas da ex-ministra Damares Alves.

A ideia, agora, é a de retomar o processo de visitas, inclusive para que os relatores ajudem o governo Lula a divulgar o desmonte realizado nos últimos anos.

Genocídio

A ONU ainda mandará ao Brasil sua representante para a prevenção do genocídio. Num documento obtido pelo UOL com exclusividade, a entidade comunica o governo de Luiz Inácio Lula da Silva que pretende visitar o país no final de abril.

Diante da situação do povo yanomami e da crise com as instituições de estado deixado por Jair Bolsonaro, o novo governo passou a dialogar com agências internacionais para avaliar a possibilidade de um respaldo estrangeiro.

Se no governo anterior existia uma resistência a qualquer inspeção internacional sobre a situação do país, o governo Lula passou a buscar as agências estrangeiras para ampliar até mesmo as denúncias de possíveis atos de genocídio por parte de seu antecessor.

Bolsonaro é ainda alvo de denúncias no Tribunal Penal Internacional, em Haia, por genocídio dos povos indígenas, ainda que o processo ainda dependa do procurador-geral da corte.

Numa carta enviada ao Itamaraty nesta semana, a Secretaria das Nações Unidas informa à Missão que a conselheira especial do secretário-geral para a Prevenção de Genocídio, subsecretária geral Alice Wairimu Nderitu, planeja visitar o Brasil de 30 de abril a 10 de maio deste ano.