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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Na ONU, governo brasileiro cobra justiça por atos racistas contra Vini Jr.

Vini Jr, do Brasil, aplaude torcedores após ser substituído no amistoso contra Guiné, na Espanha - Albert Gea/Reuters
Vini Jr, do Brasil, aplaude torcedores após ser substituído no amistoso contra Guiné, na Espanha Imagem: Albert Gea/Reuters

Colunista do UOL

21/06/2023 08h43

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O governo de Luiz Inácio Lula da Silva usou uma reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU para denunciar os atos racistas contra o jogador Vinicius Jr. e pedir que medidas sejam tomadas contra os responsáveis.

O brasileiro foi alvo de ataques ao longo de toda a temporada no Campeonato Espanhol. Mas o caso ganhou uma dimensão política em maio. O governo brasileiro chegou a entrar em contato com as autoridades espanholas, cobrando respostas, e o incidente levou até mesmo a cúpula da ONU a reagir.

No início do mês, o Alto Comissário da ONU para Direitos Humanos, Volker Turk, condenou os ataques contra Vinicius Jr e cobrou das entidades esportivas uma resposta contundente ao racismo.

Agora, o Itamaraty volta a usar a situação do jogador para destacar a necessidade de que a questão do racismo faça parte da agenda internacional.

"Apreciamos também a posição oportuna e assertiva do Alto Comissário sobre a luta contra todas as formas de discriminação, especialmente sobre os lamentáveis episódios envolvendo Vinicius Jr., que culminaram em uma partida de futebol do campeonato espanhol em maio passado", disse o embaixador do Brasil na ONU, Tovar da Silva Nunes, em uma intervenção no Conselho de Direitos Humanos.

"O Brasil repudia, com veemência, esse tipo de ataque e espera que todos os autores sejam punidos pelas autoridades competentes", disse, em mais um recado às autoridades espanholas.

Segundo ele, o governo tem "o compromisso de promover uma política externa de proteção às minorias e de combate ao racismo e a todas as formas de intolerância". "A prioridade do governo brasileiro é melhorar a vida de suas pessoas mais vulneráveis, combater a fome e promover a igualdade racial", disse.

O embaixador destacou como o governo enviou uma delegação de alto nível ao Fórum Permanente para Pessoas de Ascendência Africana, incluindo uma apresentação de Lula na cerimônia de abertura. "O Brasil também é favorável à adoção de uma declaração e à renovação da Década Internacional dos Povos Afrodescendentes", defendeu.

"O Brasil convida todos a se unirem ao esforço de compartilhar boas práticas para expandir o acesso ao esporte para pessoas afrodescendentes e migrantes, com indiscutível intolerância a qualquer ato discriminatório", completou.

Sabatina na ONU

A situação brasileira ainda será alvo de uma sabatina, conduzida pelo Comitê de Direitos Humanos da ONU, a partir de segunda-feira. O governo promete apresenta um relatório sobre o que tem feito para cumprir o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos.

Para que possa realizar a sabatina, o órgão internacional se preparou nos últimos anos e, em 2022, recebeu ainda do governo de Jair Bolsonaro um informe sobre a política de direitos humanos no país. Para ativistas, o documento submetido pela gestão passada omite a crise no país e apresenta uma realidade que não condiz que a situação do país.

A delegação brasileira será chefiada pela secretária-executiva do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, Rita de Oliveira, que informará aos peritos internacionais o posicionamento do atual governo a respeito do relatório entregue pela gestão anterior e apresentará as políticas do atualmente em curso.

Farão ainda parte da comitiva brasileira a secretária nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Isadora Brandão, a diretora de Defesa dos Direitos Humanos, Ana Luisa Zago; e os assessores especiais de Assuntos Internacionais, Clara Solon, Comunicação Social, Isabel Carvalho, e representantes dos ministérios da Justiça e Segurança Pública, das Mulheres, da Igualdade Racial, da Saúde, dos Povos Indígenas, do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), da Defensoria Pública da União (DPU) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).