Jamil Chade

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Atentado gera onda de desinformação; bolsonaristas divulgam falso atirador

Guerra civil, infiltrados na polícia, "a mão de Joe Biden", CIA, Hamas, Mossad ou mesmo comunistas e antifascistas.

Nas horas que se seguiram ao atentado contra Donald Trump, as redes sociais foram tomadas por teorias conspiratórias, mentiras e a disseminação de desinformação, num sinal claro da dificuldade que a eleição americana representa para as plataformas.

Inicialmente, uma das postagens com maior repercussão foi a de que se tratava de um agente infiltrado da política de Butler, cidade onde ocorreu o atentado. Nada disso era verdade. Mas contas com milhões de seguidores difundiram a suposta notícia, inclusive canais conhecidos por divulgar propaganda do Kremlin.

Na rede de Elon Musk, que auto se declara um "absolutista da liberdade de expressão", o termo "guerra civil" foi amplamente usado, enquanto canais do grupo QAnon - de extrema direita - insistiam que o ato havia sido uma estratégia da esquerda para que os conservadores reagissem e, assim, uma guerra civil fosse instalada no país. Nada disso tinha qualquer base.

Mas, na mesma rede, o hashtag "armação", ou staged (em inglês), chegou a figurar como o segundo lugar entre os trending topics. Ao aparecer como um dos temas mais destacados do dia, a palavra ganha maior impulso e, por sua vez, disseminação.

Outras plataformas abandonaram essa classificação, por conta da acusação de que estariam fazendo uma curadoria dos temas que seriam de maior interesse.

Sem qualquer prova, uma das teorias mais difundidas nas últimas horas apontava a culpa para o "deep state" americano. Ou seja, o estado profundo que, longe das câmeras, supostamente controla o destino dos EUA.

Bolsonaristas publicam foto de falso atirador, e apagam

Mesmo sem que as autoridades tenham apontado o nome do autor dos disparos, postagens ainda indicavam que o criminoso seria Mark Violets, um suposto "ativista antifascista". Mais uma vez, nada disso era verdade. A foto veiculada era de Marco Violi, um influenciador italiano e que cobre assuntos ligados ao futebol.

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Violi foi obrigado a ir às redes dizer que estava em Roma e que não tinha qualquer relação com o atentado.

Mesmo assim, contas bolsonaristas chegaram a publicar a acusação contra o "ativista antifascista", para depois apagar a postagem no X.

Parte dos ataques foi dirigido contra a Casa Branca. O republicano Michael Collins ainda acusou Joe Biden, insistindo que ele deveria ser denunciado pelo crime. Outros políticos aliados de Trump também optaram por veicular o mesmo discurso, sem qualquer provas.

As autoridades americanas identificaram e mataram o autor dos disparos. Segundo eles, trata-se de Thomas Crooks, que vivia 64 quilômetros da cena do crime.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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