Jamil Chade

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Opositor rejeita proposta de Amorim de nova eleição na Venezuela

Um dos líderes da oposição venezuelana, António Ledezma afirma que a ideia sugerida no Brasil de que seu país passe por uma nova eleição, como forma de solucionar a crise política, não será aceita.

O ex-prefeito de Caracas que fugiu para a Espanha reforça que o movimento político encabeçado por Edmundo González e Maria Corina Machado venceu a eleição do dia 28 de julho. O ditador Nicolás Maduro rejeita a postura da oposição e diz que foi ele quem venceu.

"A ideia de uma nova eleição está fora de lugar", afirmou Ledezma, coordenador do Conselho Político internacional de Maria Corina Machado, em entrevista exclusiva ao UOL.

Não se justifica e nem se explica a ideia de falar de um segundo turno, em um país onde Edmundo González venceu com mais de 30 pontos percentuais de vantagem.

Propor uma nova eleição é virar as costas ao princípio da soberania popular. Seria privilegiar os caprichos de um ditador.
António Ledezma, ex-prefeito de Caracas

Segundo ele, que vive em Madri, o que ocorreu na Venezuela não se assemelha ao cenário da eleição brasileira de 2022, quando Luiz Inácio Lula da Silva superou Jair Bolsonaro por uma pequena margem.

"Esses 30 pontos de vantagem não contabilizam o fato de que 4 milhões de venezuelanos não conseguiram votar. Caso eles tivessem ido às urnas, a diferença seria ainda maior", justificou.

Nesta semana, as conclusões preliminares dos observadores da ONU indicaram que o processo eleitoral venezuelano foi marcado por irregularidades e que a falta de transparência é "sem precedentes" na história recente das democracias.

Como forma de desbloquear o impasse, o assessor especial da presidência brasileira, Celso Amorim, sugeriu ao presidente Lula a ideia da convocação de uma nova eleição. Isso seria acompanhado por um processo de retirada de sanções, que permitiria que Maduro se dispusesse a receber uma quantidade significativa de observadores internacionais.

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Oficialmente, o governo brasileiro insiste que a posição do país não mudou: Lula quer que Maduro publique as atas de cada uma das sessões da eleição. Mas fontes do governo admitiram que o vazamento da ideia de Amorim serviu para testar a reação dos principais atores na Venezuela e mesmo dos parceiros internacionais.

Venezuelano lamenta afastamento do México

Ledezma também lamentou a decisão do governo mexicano de se afastar do processo conduzido por Brasil e Colômbia para tentar criar canais de diálogo entre a oposição e Maduro.

O líder mexicano Andrés Manuel Lopez Obrador sugeriu que, se houver uma disputa, que ela seja resolvida pelas instituições venezuelanas.

"É lamentável que o México não queira continuar no processo de convencer Maduro a admitir a derrota", disse o ex-prefeito de Caracas.

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"Dizer que o caso deve ser levado à Justiça é desconhecer que não há uma autonomia dessa instituição. Essa é a mesma Justiça que inabilitou Maria Corina Machado e que queria anular as primárias da oposição. É a mesma Justiça presidida por uma ativista de Maduro", alertou o opositor.

"As atas existem e estão com Maduro, que as mantém escondidas", completou.

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