México se afasta de mediação na Venezuela, e Lula busca saída com Colômbia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá uma conversa com o presidente Gustavo Petro, da Colômbia, na esperança de encontrar uma saída política para a crise venezuelana. Mas a conversa telefônica não incluirá o México, depois que o governo indicou que estava se distanciando dos compromissos assumidos entre os três mediadores.
Diplomatas ainda estão acertando o horário da conversa entre Petro e Lula. Mas tudo indica que ela ocorre nesta quarta-feira (14).
Há duas semanas, a iniciativa conjunta de Brasil, Colômbia e México havia criado a esperança entre potências ocidentais e mesmo na ONU de que os três países poderiam agir como mediadores, abrindo canais de comunicação tanto com a oposição quanto com o governo de Nicolás Maduro.
Mas, nesta semana, o Brasil foi surpreendido com uma postura da presidente eleita do México, Claudia Scheinbaum, se distanciando da postura originalmente adotada pelos três países. Ela assume o poder no dia 1º de outubro.
Na terça-feira, foi a vez do atual presidente mexicano, Andrés Manuel Lopez Obrador, anunciar que estava se afastando do processo de mediação, sem um aviso devido aos brasileiros.
Questionado se falaria com Lula e Petro, ele apenas disse que "agora não" e que esperaria "que o tema se resolva no Tribunal (da Venezuela)". Os mexicanos, portanto, sinalizam que vão deixar às instituições venezuelanas arbitrarem sobre o tema. Para a oposição, essas instituições são controladas por Maduro e, portanto, apenas vão chancelar sua vitória. Essa não era a postura que os três mediadores tinham combinado.
Oficialmente, Brasil e Colômbia insistem que Maduro tem a obrigação de apresentar as atas da eleição, ocorrida há duas semanas. Mas, mesmo dentro do governo brasileiro, existe o temor de que fica cada vez mais difícil apostar nessas atas como uma saída para a crise.
Para a oposição, a demora faz essa transparência exigida na eleição ser cada vez menor e levanta dúvidas sobre uma possível fraude nos eventuais documentos que o regime optar por apresentar.
Fontes no Itamaraty apontam ainda que nem o Brasil e nem a Colômbia adotam como uma postura a ideia de convocar uma nova eleição na Venezuela. A proposta havia sido sugerida de maneira informal por Celso Amorim, o assessor especial da presidência. Mas tanto o Itamaraty quanto o Palácio do Planalto insistem que essa não é a posição oficial do governo e que Lula continua orientando seus diplomatas no sentido de transparência da eleição.
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