Jamil Chade

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'Mundo precisa assumir responsabilidade com o Haiti', diz Lula em NY

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que o mundo assuma responsabilidades com o Haiti e criticou a "solidariedade zero" com o país caribenho.

Nesta segunda-feira (23), em Nova York, o novo primeiro-ministro haitiano, Garry Conille, se reuniu com Lula e apresentou suas propostas de retomar os projetos sociais e de estabilização do país.

"Nós temos de assumir responsabilidades com o Haiti. Não o Brasil, o mundo. Não é possível", disse Lula, ao final do encontro. "A situação está se deteriorando, e a solidariedade internacional é zero", afirmou.

"Generosamente, Lula se comprometeu a mobilizar outros países para apoiar a situação no Haiti", afirmou Conille. "Contamos com a cooperação do Brasil no futuro", disse.

Enquanto Lula e o haitiano se reuniam, um encontro na sede da ONU também tentava dar uma resposta à crise no país mais pobre do Hemisfério Ocidental.

A reunião contou com a presença dos governos do Canadá e do Haiti e com a ONU, além do Brasil. No encontro, o embaixador Carlos Marcio Cozendey confirmou o compromisso do Itamaraty com o destino do Haiti, ainda que nenhuma sinalização de novas tropas brasileiras tenha sido dada.

O governo brasileiro anunciou que apoia o mecanismo de estabilização criado no país e quer sua renovação. Mas alertou que ele "precisa do apoio da comunidade internacional e de recursos adequados para cumprir seu mandato".

"A segurança é uma pré-condição para que o governo haitiano forneça à população os serviços essenciais de que ela necessita", disse Cozendey.

O representante brasileiro elogiou Conille por seus esforços para liderar uma "transição harmoniosa até que as eleições possam ser realizadas".

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"Uma frente política unida é importante na luta contra a grave ameaça representada pela violência das gangues. Os haitianos devem liderar e ter a propriedade de seu caminho para a estabilidade e a prosperidade", disse.

Para o Brasil, porém, se estabilidade política e segurança são necessárias, elas "não são suficientes para garantir o desenvolvimento sustentável que os haitianos precisam".

"É fundamental combater as profundas desigualdades do país para interromper os ciclos de violência recorrente", disse Cozendey. A paz e a segurança, o desenvolvimento sustentável e os direitos humanos estão interligados e se reforçam mutuamente.

Programas de apoio

Na reunião, o representante garantiu que "o Brasil continua comprometido com o Haiti". "Atualmente, estamos implementando um programa de treinamento para 400 policiais haitianos. Em breve, será inaugurado um Centro de Treinamento Profissional para 3.000 alunos por ano", disse.

Ele relatou como, desde 2012, o Brasil tem uma política de vistos humanitários para os haitianos. Mais de 90 mil vistos humanitários e de reunificação familiar já foram concedidos.

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Ele também disse que a Comissão de Construção da Paz pode desempenhar um papel importante na assistência ao Haiti e que estaria em uma "posição única para sustentar os esforços de paz, mobilizar organizações regionais e instituições financeiras internacionais e promover acordos de cooperação Sul-Sul e triangular".

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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