Jamil Chade

Jamil Chade

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Opinião

Bem-vindo ao século 21: o mês que abalou a ordem global

Quando Donald Trump fala em renomear o Golfo do México para Golfo da América, não se trata apenas de uma bravata. O que estamos presenciando é um sintoma de um ataque completo, agressivo, profundo e, talvez, irreversível do direito internacional e da ordem global.

O golfo é apenas uma mudança simbólica. Mas repleta de significado. Em um mês, o novo presidente americano demonstrou que não respeita o direito de existência dos palestinos, os tratados climáticos, as regras sobre direitos humanos, a existência de organismos como o G20 e nem as fronteiras e soberanias estabelecidas.

A ordem internacional não é apenas uma estrutura ultrapassada para Trump. Ela é uma ameaça para seus planos de recriar uma estrutura internacional na qual a força é a única lei.

Destruí-la, portanto, será o mote de seus quatro anos no poder.

Quando o presidente insiste que sua política externa tem como objetivo a "paz pela força", o que ele quer dizer simplesmente é que a lei não existe, nem a diplomacia e nem os direitos que outros possam ter conquistado como resultado de décadas de batalhas, negociações e acordos.

Para criar uma nova ordem global, ele sabe que precisa acertar um pacto com russos e chineses. Talvez no que pode ser o momento definidor do século 21.

Diante de nossos olhos, estamos presenciando uma espécie de filme que, no sentido contrário ao que minha geração viveu ao final da Guerra Fria, recriar muros, a divisão de territórios em mesas de negociações longe daquelas populações afetadas e desenha uma nova era.

Renomear o Golfo do México, portanto, não é apenas uma bravata. É parte de um ofensiva para rebatizar uma nova ordem.

Bem-vindo ao século 21.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.