Governo pede ajuda da Síria para eventual retirada de brasileiros do Líbano
Com dois brasileiros mortos no Líbano, o chanceler Mauro Vieira pediu, nesta sexta-feira (27), a ajuda do governo sírio para uma eventual operação de resgate dos brasileiros que estão no país. O Brasil quer garantias de que comboios, caso sejam organizados, possam passar pela fronteira entre o Líbano e a Síria, além de que possa usar aeroportos para o pouso de aviões da FAB.
Diante de uma crise entre Israel e o Hezbollah que vem ganhando novas dimensões, o governo brasileiro iniciou consultas com a comunidade em Beirute e outras partes do país para saber quem necessitaria de ajuda num resgate, caso a guerra ecloda.
Por enquanto, o aeroporto da capital libanesa continua aberto, e a recomendação do governo é que os brasileiros saiam do país. Mas o Itamaraty estuda outras rotas, caso seja necessário.
Duas delas envolvem diretamente a Síria e são as principais apostas. A partir do Líbano, a ideia é que comboios possam cruzar a fronteira em direção à cidade de Damasco. A passagem, porém, vive uma intensa crise, com milhares de refugiados sírios que estavam no Líbano e agora tentam voltar ao país de origem, diante do risco de uma guerra maior.
Outra opção é uma viagem até a cidade de Latakia, também na Síria. A recomendação dos técnicos do Itamaraty é que essa opção seja privilegiada, diante da existência de um porto no Mediterrâneo e uma base militar.
Vieira apresentou as demandas ao chanceler sírio, Bassam Sabbagh, numa reunião bilateral às margens da Assembleia Geral da ONU.
O representante do governo do ditador Bashar Al Assad afirmou que iria considerar o pedido, fazer consultas internas e dar um retorno ao Brasil nos próximos dias com uma resposta.
O Líbano conta com uma comunidade de 20 mil brasileiros que, em caso de emergência, poderiam solicitar ajuda para sair. As consultas realizadas pelo Itamaraty ainda não foram concluídas, e a ideia é que, após saber a dimensão da demanda, o governo informe a FAB sobre as necessidades de resgate.
Latakia é onde fica a maior base russa no Oriente Médio, e o governo brasileiro considera que, caso haja um obstáculo com o governo sírio, a diplomacia tentaria um contato com o Kremlin para facilitar a operação.
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