ONU aprova cúpula para criar Estado palestino; EUA, Milei e Israel rejeitam
Num gesto histórico, a Assembleia Geral da ONU aprovou nesta terça-feira uma resolução convocando uma conferência internacional para estabelecer um Estado palestino. Com 157 votos de apoio e apenas oito países contrários, a decisão estabelece que, em junho de 2025, uma reunião será realizada com esse objetivo.
Oficialmente, a conferência servirá para implementar a "solução a dois estados". Ou seja, um estado palestino e um estado israelense convivendo lado a lado, com fronteiras internacionais reconhecidas. O evento terá como missão "desenhar de forma urgente um caminho irreversível para um acordo pacífico sobre a questão palestina".
O Brasil votou a favor do texto, enquanto a Argentina de Javier Milei foi um dos poucos a votar contra. EUA, Hungria e Israel se negaram a apoiar a proposta. O governo americano insiste que, ainda que apoie a ideia de dois estados, apenas uma negociação entre Israel e as autoridades palestinas poderiam levar a esse cenário.
Hoje, 144 países dos 193 membros da ONU já reconheceram o Estado palestino, entre eles o Brasil.
O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou também nesta terça-feira que ele e o líder da Arábia Saudita, o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, copresidirão uma conferência sobre o estabelecimento de um Estado palestino em junho. "Decidimos copresidir uma conferência para os dois estados em junho do próximo ano", disse Macron. "Nos próximos meses, juntos, multiplicaremos e combinaremos nossas iniciativas diplomáticas para levar todos a esse caminho", explicou.
A iniciativa para a conferência em 2025 faz parte de uma ofensiva diplomática por parte dos palestinos, depois que ficou claro que a inexistência de um estado foi um dos motivos que permitiu que Israel realizasse um ataque sem qualquer constrangimento sobre Gaza.
A ONU já permitiu, desde setembro, que os palestinos assumam um assento oficial na Assembleia Geral em Nova York. A diplomacia palestina apresentou, imediatamente depois, uma resolução pedindo a retirada de Israel dos territórios ocupados num prazo de um ano. Tratou-se da primeira resolução de autoria dos palestinos, em mais de 70 anos da ONU, e foi aprovada.
Mas a conferência terá serias dificuldades. O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, emitiu nesta semana uma ameaça ao Hamas, dizendo que "o inferno vai pagar" se os reféns mantidos em Gaza não forem libertados quando ele retornar à Casa Branca em 20 de janeiro.
"Os responsáveis serão atingidos com mais força do que qualquer um já foi atingido na longa e célebre história dos Estados Unidos da América", disse. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu agradeceu a Trump por sua "forte declaração".
Há uma semana, o Tribunal Penal Internacional pediu a prisão de Netanyahu por crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
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