Trump ameaça com tarifa países que compram petróleo e gás da Venezuela
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No primeiro gesto concreto do governo de Donald Trump contra Nicolas Maduro, os EUA anunciam sanções contra a Venezuela. A partir de abril, qualquer país que comprar petróleo de Caracas estará sujeito a sobretaxas de 25% no comércio com os EUA. O republicano tem anunciado diversas tarifas semanalmente desde que assumiu a Casa Branca. Na maioria das vezes, recuou.
A decisão pode afetar a China, Europa, Brasil e dezenas de outros governos, e faz parte de um esforço para impedir que a Venezuela consiga recursos para manter sua economia.
Nas redes sociais, o presidente norte-americano afirmou que está aplicando tarifas contra bens venezuelanos que sejam exportados para terceiros países. O pacote de retaliações seria uma resposta ao fato de que a Venezuela teria "enviado aos Estados Unidos, de forma proposital e enganosa, dezenas de milhares de criminosos de alto escalão e outros, muitos dos quais são assassinos e pessoas de natureza muito violenta".
"Entre as gangues que eles enviaram aos Estados Unidos está a Tren de Aragua, que recebeu a designação de "Organização Terrorista Estrangeira". Estamos no processo de devolvê-los à Venezuela. É uma grande tarefa", afirmou Trump.
"Além disso, a Venezuela tem sido muito hostil aos Estados Unidos e às liberdades que defendemos", disse.
Portanto, qualquer país que comprar petróleo e/ou gás da Venezuela será forçado a pagar uma tarifa de 25% aos Estados Unidos sobre qualquer comércio que fizer com nosso país
Trump
"Toda a documentação será assinada e registrada, e a tarifa será aplicada em 2 de abril de 2025, DIA DA LIBERTAÇÃO NA AMÉRICA", prometeu o presidente dos EUA.
Na prática, se o Brasil ou qualquer outro país importar petróleo da Venezuela, terá produtos tarifados em 25% para exportação aos EUA.
As medidas estão sendo adotadas num momento em que Caracas voltava a aumentar suas exportações de petróleo. A alta em 2024 havia sido de 10,5%, atingindo uma média de 772.000 barris por dia (bpd), o valor mais alto desde 2019, de acordo com dados dos movimentos de navios e relatórios de embarque da PDVSA.
Grande parte do aumento é atribuída às licenças concedidas pelos Estados Unidos sob o governo de Joe Biden, que permitiram que empresas como a Chevron exportassem o petróleo bruto venezuelano e recuperassem dívidas pendentes. Empresas europeias, como Eni e Repsol, quase triplicaram as compras, para uma média de 75.000 barris por dia.
Em 2024, a China continuou sendo o principal destinatário do petróleo venezuelano, com metade de tudo o que o país vendeu. O segundo maior destino era o mercado americano, com 222.000 barris. Já as exportações para a Índia aumentaram de forma intensa, de 10.300 barris por dia em 2023 para 63.115 em 2024.
Em 2023, a Petrobras voltou a avaliar investimentos na Venezuela, enquanto o governo de Caracas ofereceu pagar o que deve de empréstimos ao BNDES em petróleo e energia.
Em fevereiro de 2025, depois de seis anos de interrupção, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) autorizou a retomada da compra de energia elétrica da Venezuela para abastecer o estado de Roraima. Trata-se do único estado brasileiro que não está ligado ao SIN (Sistema Integrado Nacional).
Ao longo dos anos, porém, o Brasil se afastou de forma importante do comércio com a Venezuela. O país chegou a ser o 15º destino das exportações brasileiras, mas caiu para o 48º lugar em 2023. Foram vendidos pelo país apenas US$ 740 milhões em 2023 e US$ 398,9 milhões de janeiro a julho de 2024.
Nos sete primeiros meses do ano passado, os venezuelanos venderam ao Brasil fertilizantes (45%), alumínio (22%), álcoois e derivados (16%) e produtos residuais de petróleo (8%).
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