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José Roberto de Toledo

REPORTAGEM

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Supersegunda terá bateria de pesquisas eleitorais

Pelo menos sete pesquisas eleitorais devem ser divulgadas na segunda-feira    - José Cruz - Agência Brasil/Alan Santos- PR
Pelo menos sete pesquisas eleitorais devem ser divulgadas na segunda-feira Imagem: José Cruz - Agência Brasil/Alan Santos- PR

Colunista do UOL

10/08/2022 13h48

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O Jornal Nacional, da TV Globo, divulga na segunda-feira a primeira pesquisa presidencial nacional registrada pelo Ipec, antigo Ibope, em 2022.

  • No mesmo dia, os jornais locais da TV Globo devem divulgar pesquisas para governador em seis unidades da federação: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.

Outros institutos registraram pesquisas que podem ser divulgadas a partir de segunda-feira, entre eles o Ipespe (sobre a eleição em Pernambuco).

E daí? O Ipec/Ibope é o mais tradicional e experiente instituto de pesquisa do Brasil. Nenhum outro instituto fez e faz tantas pesquisas eleitorais. Só em 2022, o Ipec/Ibope deve realizar mais de uma centena de pesquisas registradas ou feitas para clientes privados (que não vêm a público). Volume e frequência fazem diferença no resultado: uma pesquisa verifica a consistência da outra, a metodologia se aprimora.

  • Nos próximos dias, os pesquisadores do Ipec/Ibope entrevistarão, cara a cara, 2.000 eleitores para a pesquisa nacional e outros 7.000 para as pesquisas estaduais, num total de 9.008 entrevistas. As amostras são independentes, o que significa que são feitas por diferentes entrevistadores em diferentes ocasiões e lugares.
  • Na prática, serão sete pesquisas presidenciais, em diferentes áreas, divulgadas simultaneamente, porque os questionários das pesquisas em São Paulo, Rio, Minas, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Brasília também indagam a intenção de voto para presidente. Essas seis unidades da federação respondem por 52% do eleitorado brasileiro.

Contexto. As pesquisas presenciais, cara a cara, como as feitas pelo Ipec/Ibope (e também por Datafolha e Quaest), ainda conseguem captar melhor a intenção de voto dos mais pobres do que as telefônicas.

  • Embora o acesso à telefonia celular tenha se universalizado nos últimos anos no Brasil, conseguir atingir uma amostra representativa do eleitorado nacional apenas pelo telefone ainda é muito difícil.
  • Pessoas que trabalham quase não atendem chamadas de números desconhecidos durante o expediente. Por esse e outros motivos, a taxa de recusa para pesquisas telefônicas tende a ser mais alta. Daí que eleitores mais interessados na eleição tendem a ser super-representados na amostra.
  • As pesquisas face a face domiciliares abordam em casa os eleitores que trabalham fora --antes ou depois de eles saírem para trabalhar. No caso das pesquisas cara a cara em ponto de fluxo, a abordagem é feita no caminho de ida ou de volta do trabalho. Embora alta, a taxa de recusa de uma abordagem pessoal costuma ser menor que a telefônica.
  • Pesquisas presenciais são mais caras porque envolvem mais pessoas trabalhando nelas do que as telefônicas. Apenas com a rodada que será divulgada na segunda-feira, a TV Globo e suas afiliadas gastarão R$ 780.705,14.

Forma afeta resultado. As diferenças técnicas entre as pesquisas cara a cara e telefônicas se refletem no resultado das pesquisas. Abordagens diferentes atingem perfis diferentes do eleitorado e resultam em números distintos.

  • Segundo o agregador de pesquisas do Estadão Dados, na média das sondagens feitas cara a cara, Lula tem 44% contra 32% de Bolsonaro, ou seja, 12 pontos a mais. Na média dos pesquisas telefônicas, a diferença cai à metade: 41% (Lula) a 35% (Bolsonaro).
  • Apesar das diferenças numéricas, tanto as pesquisas cara a cara quanto as telefônicas apresentam as mesmas tendências: 1) a intenção de voto em Bolsonaro se aproximando da de Lula; 2) diminuição da chance de a eleição terminar no primeiro turno de votação.

As pesquisas eleitorais são mais do que a narração de uma corrida entre candidatos. As pesquisas determinam a dinâmica da eleição: moldam as estratégias de campanha, mudam os apoios entre políticos, provocam traições a quem vai mal, aumentam o ânimo dos militantes de candidatos que vão melhor, entre vários outros efeitos.