Topo

José Roberto de Toledo

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

São Paulo aponta eleição presidencial apertada e Michelle em alta

                                 O ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL)                              -                                 EVARISTO Sá/AFP E ISAC NóBREGA/PR
O ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) Imagem: EVARISTO Sá/AFP E ISAC NóBREGA/PR

Colunista do UOL

11/08/2022 09h22

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Pesquisa Quaest mostra Bolsonaro crescendo 10 pontos desde março e empatando tecnicamente com Lula em São Paulo: tem 35% contra 37% do petista. Esse movimento acentua a tendência revelada pelas pesquisas nacionais do Quaest e do Datafolha que saíram nas semanas anteriores:

  • Bolsonaro está crescendo em quase todos os segmentos socioeconômicos, mas principalmente entre os mais pobres e os evangélicos;
  • Lula estagnou e pode começar a cair se a tendência de crescimento de Bolsonaro entre os mais pobres se estender para além dos pobres que também são evangélicos;
  • Bolsonaro cresceu em São Paulo tirando votos dos candidatos da chamada terceira via, consolidando a polarização entre ele e Lula.

Além dos pobres, a maior resistência a favor de Lula está no eleitorado feminino. Apesar de Bolsonaro ter crescido entre as mulheres, Lula ainda está 10 pontos à frente do rival entre as eleitoras paulistas: 40% a 30%.

  • Entre os homens paulistas, Bolsonaro já ultrapassou Lula para além da margem de erro: 40% a 34%.

Esses resultados no maior colégio eleitoral do país, onde votam 22% dos brasileiros, confirma que Michelle Bolsonaro é até aqui o cabo eleitoral mais estratégico do governo:

  • Michelle ganha votos no segmento onde Bolsonaro é mais forte, os evangélicos, e pode ajudar o marido a continuar melhorando entre a metade mais resistente a ele, o eleitorado feminino.

O crescimento de 9 pontos de Bolsonaro entre quem recebe Auxílio Brasil em São Paulo (de 20% para 29%) confirma que o estelionato eleitoral está colando - aumentar o valor pago de R$ 400 para R$ 600 apenas nos meses imediatamente anteriores à eleição (acaba em dezembro) está rendendo votos.

Se a tendência em São Paulo se espalhar para outros estados, a eleição presidencial será muito mais apertada do que os números sugeriam até o mês passado. Uma vantagem menor de Lula sobre Bolsonaro aumenta o risco de a contestação do resultado das urnas pelo presidente resultar em uma crise institucional.

***

Eleição para governador. Bolsonaro ainda não está conseguindo arrastar seu candidato ao governado de São Paulo. Tarcísio de Freitas (Republicanos) continua estacionado nos 14% e foi alcançado pelo governador Rodrigo Garcia (PSDB), candidato à reeleição.

  • Fernando Haddad (PT) segue bem à frente dos dois, com 34%, mas voltou a oscilar um ponto para baixo, sugerindo que bateu no teto do petismo em São Paulo.
  • A exemplo de Lula, o maior capital político de Haddad está entre as mulheres paulistas (tem 36%, contra 13 de Garcia e 9% de Tarcísio).
  • Um vice desconhecido até a renúncia de Doria, Garcia está aparecendo e recebendo mais avaliações de regular para seu governo: foi de 36% para 41% em um mês. O positivo oscilou de 19% para 21%. Sua intenção de voto cresceu nesses dois grupos.
  • Lula e Bolsonaro são cabos eleitorais equivalentes em São Paulo. Segundo a Quaest, o petista tem potencial de carrear 28% de votos para seu candidato a governador, contra 27% de Bolsonaro. Mas a capacidade de influência de Lula está em queda e a de Bolsonaro é ascendente no estado.
  • Por enquanto, Garcia tem a melhor estratégia, pois atinge os 40% de eleitores que preferem que o governador de São Paulo não seja ligado nem a Lula nem a Bolsonaro.
  • A eleição para governador de São Paulo está aberta, porém: 82% dos eleitores não sabem citar o nome de nenhum dos candidatos sem que lhes seja mostrada a lista de quem está na disputa.