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José Roberto de Toledo

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

No país de Michelle, Malafaia e Damares, Bolsonaro se elegeria no 1º turno

Colunista do UOL

16/08/2022 10h45

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Segundo o Ipec (ex-Ibope), Bolsonaro (PL) tem maioria absoluta para além da margem de erro em apenas um segmento do eleitorado: os evangélicos.

  • Bolsonaro tem 56% dos votos válidos entre eleitores do grupo que se identifica genericamente como evangélico ou que pertence à Assembleia de Deus ou às igrejas Batista, Metodista, Presbiteriana, Universal do Reino de Deus, Deus é Amor, Sara Nossa Terra, Renascer em Cristo, entre outras.
  • Esse grupo evangélico é 28% da amostra do Ipec/Ibope. A taxa equivale à de outros institutos, como o Datafolha. Não há dados oficiais atualizados sobre religião da população. O mais recente é do Censo de 2010: 22%.
  • Os evangélicos são um grupo crescente na sociedade brasileira. Eram 7% em 1980, 9% em 1991, 15% em 2000.
  • Os principais cabos eleitorais de Bolsonaro nesse segmento do eleitorado são sua esposa, Michelle, pastores como Silas Malafaia e a ex-ministra e atual candidata ao Senado Damares Alves.
  • Lula (PT) tem apenas 35% dos votos válidos entre os evangélicos, mas chega a 59% nos católicos (entre os quais Bolsonaro tem apenas 30%).
  • Votos válidos são aqueles dados a candidatos. Não entram na conta votos nulos nem em branco. Segundo a legislação eleitoral, um candidato precisa ter metade dos votos válidos mais um voto para se eleger já no primeiro turno.

O único outro segmento do eleitorado onde o presidente chega perto da reeleição em primeiro turno é o dos eleitores com renda de 5 salários mínimos ou mais: Bolsonaro tem 51% entre eles. Mas esse segmento representa apenas 13% do eleitorado e da amostra do Ipec/Ibope, e, portanto, tem uma margem de erro bem maior do que dois pontos do total da amostra. É que quanto menor o número de entrevistas, maior a margem de erro.

Em contraponto, Lula se elegeria já no primeiro turno em 10 segmentos do eleitorado para além de uma margem de erro de quatro pontos percentuais:

  • Entre os 29% da amostra que ganham até 1 salário mínimo, Lula tem 69%.
  • Entre os 27% que votam no Nordeste, Lula tem 64%.
  • Entre os 33% que estudaram até o Fundamental, Lula tem 62%.
  • Entre quem recebe benefícios federais, Lula tem 59%.
  • Entre os 54% de católicos, Lula tem 59%.
  • Entre os 16% de jovens de 16 a 24 anos, Lula tem 57%.
  • Entre os 33% que moram em pequenos municípios, Lula tem 57%.
  • Entre os 18% de não-católicos e não-evangélicos, Lula tem 56%.
  • Entre os 53% de mulheres, Lula tem 56%.
  • Entre os 56% de pretos e pardos, Lula tem 55%.

Lula está no limite da maioria absoluta no total da amostra: tem 52% dos votos válidos, mas pode ter 50% (ou 54%), por causa da margem de erro. Levando-se em conta outros institutos como o Datafolha, essa margem é cadente, diminui a cada rodada.