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'Bondades' aumentaram custo para eleitor trocar de governo
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O filme da eleição está seguindo o roteiro: a disputa Lula/Bolsonaro apertou e chegou aos 52% a 48% dos votos válidos. Essa aproximação foi antecedida pela melhora acentuada da avaliação do governo em outubro. O ótimo/bom cresceu 8 pontos em três semanas.
A melhora não é só por causa da propaganda. Não tem nada a ver com a "agenda de costumes". Vem do aquecimento do consumo muito bem cronometrado por Paulo Guedes. Desde o primeiro turno, o ministro:
- Antecipou o pagamento do Auxílio Brasil e do vale gás.
- Incluiu mais 500 mil famílias no Auxílio Brasil.
- Anunciou um refinanciamento de dívidas do consumidor.
- A Caixa começou a depositar centenas de milhões em empréstimo consignado para quem recebe Auxílio Brasil.
- Acabou de lançar um programa de crédito habitacional baseado em FGTS futuro.
E daí? Esse pacote de "bondades" tornou o custo da mudança, ou seja, a decisão do eleitorado de trocar o presidente, mais caro. O eleitor volúvel, que admite votar tanto em Lula quanto em Bolsonaro, tem mais a perder agora se trocar o governo. O que as pesquisas desta semana mostraram é que parte desse eleitorado volúvel já migrou para Bolsonaro. Eram 10%, são 7%.
Isso significa que a eleição está decidida? Basta projetar a linha de tendência e concluir que Bolsonaro vai ultrapassar Lula e ganhar?
Não é tão simples. Por dois motivos:
- A avaliação positiva do governo desacelerou na semana passada e, esta semana, parou de crescer (tanto no Ipec quanto no Datafolha).
- A rejeição a Bolsonaro continua mais alta do que a rejeição a Lula:
- quatro pontos a mais no Datafolha (50% a 46%).
- cinco pontos a mais no Ipec (46% a 41%).
Por isso, Lula ainda é favorito - apesar de dois erros estratégicos de sua campanha:
- Remeter o eleitor ao passado em vez de acenar com um futuro melhor.
- Priorizar a agenda de costumes em vez do bolso e o bem estar econômico dos eleitores volúveis.
E qual é cara desses eleitores volúveis? São preponderantemente jovens de 18 a 24 anos, que moram em pequenas cidades, principalmente no Nordeste, estudaram até o Ensino Médio.
Por tudo isso, o bolso, ou seja, a economia é o fator decisivo da eleição. Ainda não dá para saber se as medidas eleitoreiras de Paulo Guedes serão suficientes para virar o jogo em favor de Bolsonaro, se os 10 dias que faltam serão suficientes. Eventuais novas "bondades" poderão influir na conta eleitoral.
A conta maior, a consequência desse pacote, só chegará em 2023.
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