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José Roberto de Toledo

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Arcabouço fiscal: Haddad cedeu piso e ganhou teto para deixar mercado feliz

Colunista do UOL

18/04/2023 20h06Atualizada em 19/04/2023 07h34

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O texto final do novo arcabouço fiscal foi entregue hoje (18) aos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e ao vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), e, na avaliação do colunista do UOL José Roberto de Toledo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), saiu vitorioso ao mostrar grande capacidade política e "ganhar capital político".

Durante o programa Análise da Notícia, Toledo afirmou que apesar de alguns percalços e também concessões, o saldo acabou sendo positivo para o petista.

Haddad cedeu um piso e ganhou um teto que vai deixar o mercado feliz. Ele ganhou mais do que cedeu, e isso é importante porque dá um capital político que ele vai precisar usar daqui para a frente."
José Roberto de Toledo

Para o colunista do UOL, a própria proposta de uma regra fiscal em si já representou uma vitória para Haddad. "Ele precisava ter uma regra e isso era claro. Teve bombardeios contra a ideia de uma regra para substituir o teto de gastos e nisso ele [Haddad] conseguiu prevalecer e conseguiu estabelecer alguns limites que eram importantes para sinalizar que a economia teria uma regra clara e as despesas não sairiam do controle", disse.

O que Haddad cedeu? Toledo afirmou que a proposta prevê um piso e um teto para o avanço real dos gastos (acima da inflação). Independentemente do resultado da receita, as despesas não poderão crescer menos de 0,6% nem mais de 2,5% ao ano. Em sua avaliação, apesar de ceder, a limitação ajuda Haddad na briga com o Banco Central pela queda da taxa de juros.

Haddad precisava da vitória. A terça-feira (18) foi definida por Toledo como um dia de vitória para Haddad e, em sua avaliação, o ministro da Fazenda estava precisando da vitória. Toledo relembrou que na última semana Haddad foi bastante criticado pela taxação de compras internacionais acima de US$ 50, mas se recuperou. "Teve esse tropeço na semana passada que gerou grande comoção nas mídias sociais e o governo se viu obrigado a recuar, mas agora tem uma nova vitória entregando esse plano com apoio do [Arthur] Lira", disse.

Demonstração de capacidade política. Haddad demonstrou grande capacidade política e de negociação ao criar rapidamente a regra do arcabouço fiscal e, dentro das possibilidades, "agradar a todos os lados". "Ouviu vários lados e conseguiu chegar em uma proposta, que se não agrada gregos e troianos, chega perto disso. Isso é uma demonstração de capacidade política muito importante e ele tem que fazer todos andarem no mesmo ritmo", analisou Toledo.

Futuro nebuloso. Apesar da vitória política de hoje, Toledo afirmou que Haddad precisará gastar o capital político acumulado em um futuro próximo, quando começarem os cortes das desonerações que o governo precisará promover em determinados setores. "Vai dar briga e vai ter que gastar o capital político que formou hoje. Hoje Haddad está no pico, mas daqui para frente é só despesa".

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O Análise da Notícia vai ao ar às terças, quartas e quintas, às 19h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa: