MST avisa governo que abril vermelho terá mais ocupações de terra
Não é só a maior parte da opinião pública que perdeu a paciência com o governo federal. Depois da pressão do Arenão de Arthur Lira, do agronegócio e dos evangélicos, a reclamação vem agora pela esquerda. Um recado foi dado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra a ministros de Lula: o mês de abril deverá ser mais vermelho do que foi no ano passado. Estão prevendo mais ocupações de terra do que em 2023.
- Cúpula nacional do MST se reúne até sábado para definir ações da Jornada Nacional de Luta pela Terra e pela Reforma Agrária;
- Lula pediu na reunião ministerial para ministérios avisarem com antecedência se há sinais de crise para governo tentar preveni-las;
- A saber se recado do MST foi repassado ao Palácio do Planalto.
Há uma disputa de versões entre o governo e seus aliados:
- O governo diz que multiplicou o número de assentados em 2023 na comparação com o último ano do governo Bolsonaro.
- O MST diz que os processos de assentamento concluídos no ano passado (43) vinham se arrastando desde os governos Dilma e Temer e Lula só desengavetou o que Bolsonaro postergara.
Quando se vê o número de áreas obtidas pelo governo federal para fins de reforma agrária, a versão do MST faz sentido: foram apenas duas áreas adquiridas pelo governo federal para assentamento de famílias sem terra no ano passado - mesma média dos anos Bolsonaro. Em 2003, primeiro ano do governo Lula 1, foram 294 áreas obtidas para reforma agrária. Em 2007, primeiro ano do governo Lula 2 foram 183.
A explicação do governo Lula 3 para um número tão baixo de áreas adquiridas em 2023 é que havia verbas irrisórias no orçamento herdado de Bolsonaro para esse fim, o que é verdade. No orçamento deste ano as verbas previstas são ordens de grandeza maiores, mas ainda precisam ser executadas.
A pressão prometida pelo MST durante o próximo abril vermelho é justamente para que esse dinheiro seja gasto logo, e que novas áreas sejam obtidas pelo governo Lula 3 para tentar retomar o ritmo perdido pela reforma agrária depois do impeachment de Dilma.
O problema para o governo é que a toda ação de ocupação de terras pelo MST corresponde uma reação da direita bolsonarista. No ano passado, o abril vermelho alimentou a CPI do MST no Congresso. À frente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, os bolsonaristas já começaram a se movimentar antes de as invasões ocorrerem, e prometem fazer um carnaval ainda maior este ano do que no ano passado.
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