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Toledo: Cármen Lúcia deu tapa com 'luva de pelica' em advogados de defesa

A ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Cármen Lúcia deu um tapa com "luva de pelica" em advogados de defesa ao rebater alegações apresentadas durante o julgamento de envolvidos na denúncia por tentativa de golpe, afirmou o colunista José Roberto de Toledo no UOL News, do Canal UOL.

Na questão do excesso de documentos, da [alegação de] jogar na cabeça dos advogados uma quantidade impossível de documentos [para serem analisados]. [Os ministros] foram até irônicos [na resposta] ao dizerem que há um índice, e o índice é o mesmo tanto na denúncia do Ministério Público quanto no inquérito da Polícia Federal.

E aí a ministra Cármen Lúcia, como sempre muito elegante, ainda deu um tapa com luva de pelica nos advogados, dizendo: 'olha, tanto era fácil e factível de examinar os documentos, que os senhores fizeram uma excelente arguição de defesa aqui, se não tivessem preparados, se não tivessem acesso ao que precisavam, se estivessem soterrados por uma massa disforme de documentos, isso teria sido impossível'. José Roberto de Toledo, colunista e apresentador do A Hora, do Canal UOL

Os cinco ministros do STF iniciaram hoje o julgamento da denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra Bolsonaro e seus aliados por tentativa de golpe, ocorrida após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em janeiro de 2023. Nessa fase do processo, há a leitura da denúncia oferecida e a alegação dos advogados de defesa. Na sequência, os magistrados analisam se o denunciado vira réu ou não no processo.

Além de Bolsonaro, são analisadas as denúncias contra os ex-ministros Augusto Heleno (GSI), Braga Netto (Casa Civil), Paulo Sérgio Nogueira (Defesa) e Anderson Torres (Justiça), além do ex-comandante da Marinha Almir Garnier e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que à época era diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

Então, por enquanto, a defesa está tomando um vareio.

Perdeu na questão de eles [os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin] serem ou não competentes para julgar, a turma em si. Perdeu em relação à instância superior, já começar pela instância superior, ou seja, pelo Supremo, em vez de começar pela primeira instância. Perdeu, como você já disse, na suspeição de três ministros, que eram Moraes, Dino e Zanin, e na questão do excesso de documentos.

Isso é um péssimo começo para a defesa, porque mostra que o julgamento tende a ser rápido, que há unidade de pensamento, ou pelo menos uma maioria clara dos juízes quanto à competência para julgar, e provavelmente todos eles, senão todos, a maioria deles pode acabar votando pela admissão da denúncia e tornar, senão todos, pelo menos a maioria dos denunciados em réus. José Roberto de Toledo, colunista e apresentador do A Hora, do Canal UOL

Ao Canal UOL, Toledo também analisou a estratégia adotada pelos advogados.

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Olhando as defesas, deu para ver que não existe uma estratégia única. O Exército está rachado, não há uma estratégia militar unificada, cada um por si e o Supremo contra todos, pelo visto. Porque um acusando o outro de mentiroso, o outro dizendo que 'não, ele nunca foi chamado para reunião', 'falou isso porque está velhinho'... uns argumentos completamente disparatados, mostrando que não existe uma estratégia única.

E mesmo com a presença do Bolsonaro, me parece ter sido uma necessidade depois da enorme bobagem que o filho dele, o Eduardo Bolsonaro, fez ao fugir para os Estados Unidos sem ter motivo. Ele precisou demonstrar coragem e confiança na Justiça após o filho ter reiterado e apostado um bravo golpe à vista. José Roberto de Toledo, colunista e apresentador do A Hora, do Canal UOL

O que ocorreu no primeiro dia de julgamento

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal rejeitou, por unanimidade, os pedidos das defesas para afastar os ministros Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin e Flávio Dino do julgamento sobre a tentativa de golpe. O colegiado também reafirmou a competência para julgar o ex-presidente.

Os advogados de Bolsonaro e de outros acusados já haviam pedido o impedimento de ambos, alegando que os ministros são parciais. A Primeira Turma analisa ainda outros quatro requerimentos das defesas.

Maierovitch: advogados de defesa poupam Moraes em julgamento

Sem críticas contundentes, advogados de defesa do ex-presidente e os demais denunciados pouparam o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo por tentativa de golpe, considerou o jurista e ex-magistrado Wálter Maierovitch no UOL News.

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Sim, eles pouparam totalmente. Não há nenhuma crítica contundente ou mesmo uma crítica com relação ao Alexandre de Moraes. Wálter Maierovitch, colunista do UOL

Lembrar que, por exemplo, o advogado do Braga Neto falou que tem posição diferente com toda a delicadeza, até porque, evidentemente, ele [o advogado de defesa] vai pedir o levantamento da prisão preventiva do Braga Neto, porque tão logo a denúncia seja recebida, ela é transformada em processo.

Então, evidentemente, nenhum deles atritou e nenhum deles atacou pesadamente. Eu diria que nem levemente o Alexandre de Moraes. Isso é uma tática da defesa, que deve ter causado espanto a Bolsonaro, que queria isso fosse agitado e nem o advogado dele atacou o ministro relator. Wálter Maierovitch, colunista do UOL

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