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Opinião

Política vira entretenimento e é dominada por ilusionistas

A política virou entretenimento e está sendo dominada por ilusionistas afirmou o colunista José Roberto de Toledo durante o Análise da Notícia desta terça (13).

Toledo usou o artigo acadêmico "The American Viewer: political consequences of Entertainment Media", publicado na American Political Science Review, para exemplificar o impacto desse fenômeno nas eleições dos Estados Unidos. No estudo, dois professores americanos analisaram o caso de Donald Trump. Eles estudaram vários indicadores desde pesquisas de opinião até dados do Twitter, dados de audiência, para explicar como Trump se beneficiou da exposição gigantesca que ele teve no programa O Aprendiz na TV americana.

O artigo conclui que Trump construiu laços parassociais, que são relações unilaterais que os espectadores formam com figuras públicas, como celebridades ou personagens de mídia. Esses laços são psicológicos e criam uma sensação de familiaridade e conexão emocional, mesmo que a relação seja inteiramente mediada e não interativa.

O ponto do artigo é muito interessante. Ele diz que isso muda a relação política, porque essas figuras que vêm do mundo do entretenimento exploram essa popularidade, e mais do que a popularidade, essa relação pessoal que elas desenvolvem com os consumidores do entretenimento para se lançar na política e de uma maneira não só como antipolíticos, mas criando uma ligação direta com o público, desintermediada pelos partidos, desintermediada pelas instituições políticas, que é a definição básica do populismo.José Roberto de Toledo, colunista do UOL

Além do caso de Trump, o artigo menciona outros exemplos globais de figuras do entretenimento que entraram na política:

Silvio Berlusconi na Itália

Ronald Reagan nos Estados Unidos

Volodymyr Zelensky na Ucrânia

Toledo explicou que o mesmo cenário da eleição dos Estados Unidos com Trump se repete na eleição municipal de São Paulo.

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Em São Paulo, a gente tem o candidato midiático 1.0, que é o José Luiz Datena pelo PSDB, que vem da televisão, que a mídia também lançou o Trump. Só que o Trump fez a transição. Ele foi lançado pela TV, mas se manteve e expandiu através das redes antissociais. E aqui nós temos o Datena que é 1.0, porque ele não fez essa transição. Ele é um cara exclusivamente da tela da TV. E você tem o Pablo Marçal pelo PRTB, que é um partido inexistente, se lançando pelas redes sociais, exclusivamente pelas redes sociais. É um fenômeno das redes antissociais. Fez a carreira, ficou milionário, as custas dela.José Roberto de Toledo, colunista do UOL

Do outro lado, você tem candidatos que veem esse movimento, se sentem ameaçados por esses outsiders da política, por essas figuras públicas que vêm do entretenimento e começam a querer imitá-los, só que o resultado é uma tragicomédia. Você vê o que o Nunes está fazendo nas redes antissociais é uma coisa vexatória, vergonha alheia, no mínimo. Tem candidato a prefeito que simulou o próprio atropelamento e virou viralizou nas redes. Supostamente para falar de como funciona o sistema de ambulância na cidade dele etc. O cara simulou o atropelamento.José Roberto de Toledo, colunista do UOL

Aí você vai desqualificando a política e até quem não é do meio entretenimento acha que tem que ser. Não é não tem que ser nada. Você tem que se manter defendendo a política como ela é porque as instituições por mais falhas que sejam que fazem a democracia funcionar. Imagina se a eleição fosse só entre Datena, Marçal e companhia limitada, não pode dar certo. José Roberto de Toledo, colunista do UOL

O Análise da Notícia vai ao ar às terças e quartas, às 13h e às 14h30.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja abaixo o programa na íntegra:

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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