Faturamento do crime digital é 40% maior do que verba das polícias do país
O crime organizado fatura com os crimes digitais pelo menos R$ 190 bilhões por ano no Brasil. O montante é 40% maior que os gastos anuais de União, estados e municípios com segurança pública, da ordem de R$ 138 bilhões. O colunista do UOL José Roberto de Toledo disse no Análise da Notícia desta quarta (4) que essa conta não fecha.
Os dados foram revelados em pesquisa inédita feita pelo Datafolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP ) em parceria com o jornal Folha de S.Paulo. O levantamento levou em conta 13 tipos de crimes virtuais, além de furtos e roubos de celulares, considerados a porta de entrada desses delitos.
Se o crime fatura 40% mais do que a polícia, só com um tipo e crime, como fazer esse enfrentamento sem mexer, por exemplo, no orçamento, que está com verbas pulverizadas? O orçamento do crime digital é quatro vezes as emendas parlamentares ao orçamento da União.
Essa é a ordem de grandeza do problema. Tem que ter uma rediscussão muito por cima, no Congresso, no Executivo, no Judiciário para reorganizar o que são os valores necessários para tentar enfrentar esse problema. José Roberto de Toledo, colunista do UOL
O presidente do Fórum, Renato Sérgio de Lima, ressaltou que a economia do crime invadiu completamente a economia formal da sociedade brasileira.
A gente hoje não tem os instrumentos para blindar a economia formal ou a vida social do poder que essa economia tem gerado. E com isso, temos, inclusive, ampliado o protagonismo político de muitos dos envolvidos com a criminalidade.
O resultado ajuda a entender porque a segurança virou a grande preocupação da população brasileira e, inclusive, motivo de prometer triplicar a guarda municipal, que é a proposta do Marçal [candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PRTB], por exemplo. Renato Sérgio de Lima, presidente do FBSP
O levantamento mostrou que, entre as vítimas de furto e roubo de celulares, a estimativa de prejuízo é de R$ 23 bilhões. O golpe do PIX ou do boleto falso representa R$ 25,5 bilhões de prejuízo nos últimos 12 meses.
E tem um outro conjunto de problemas. Junto com essa migração dos crimes de rua, a gente tem presenciado uma queda nos homicídios, os políticos comemorando a redução dos homicídios nos últimos anos, eventualmente, a queda de roubos específicos a estabelecimentos bancários.
Antes, explodir um caixa eletrônico era moda. Só que com cinco, 10 telefones celulares roubados, o dinheiro que é gerado é igual ao que você tinha com um caixa eletrônico estourado. E o risco é muito menor para o bandido. Tem uma mudança de padrão. Renato Sérgio de Lima, presidente do FBSP
O Análise da Notícia vai ao ar às terças e quartas, às 13h e às 14h30.
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Veja abaixo o programa na íntegra:
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