Após panes do INSS e Enem, governo inferniza a clientela do Bolsa Família
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O governo Bolsonaro tem apresentado panes em áreas estratégicas, justamente as mais sensíveis, que envolvem a prestação de serviços a uma clientela tradicionalmente negligenciada.
Isso acontece nas filas do INSS, onde se acumulam cerca de 2 milhões de pedidos de aposentadoria e de benefícios como auxílio doença. Ocorre também na Educação, onde o melhor Enem da história virou um transtorno para milhares de estudantes.
Agora, a inépcia governamental assombra os brasileiros miseráveis do Bolsa Família. Ao elaborar o Orçamento do programa para 2020, o Ministério da Cidadania reservou menos dinheiro do que gastou no ano passado. De R$ 32 bilhões, a conta caiu para R$ 29,5 bilhões.
O orçamento emagrece num instante em que o governo de Bolsonaro fecha as portas de ingresso no programa. Faz isso com uma transparência de cristal de requeijão cremoso. Esconde o tamanho da fila.
Estima-se que já se formou defronte dos guichês do Bolsa Família uma fila dura de roer —coisa de 700 mil a 1 milhão de brasileiros. É gente com renda per capita que varia de R$ 89 a R$ 178 por mês. Hoje, o benefício médio do programa é de R$ 191,08.
Se o governo tem a intenção de murchar o Bolsa Família, precisa começar a falar sério. No ano passado, Bolsonaro fez média com o pedaço miserável do eleitorado, concedendo o 13º do Bolsa Família. Em 2020, a novidade sumiu.
Pagar um benefício extra num ano e alegar que não há dinheiro para o básico no ano seguinte é algo que não faz nexo. Bolsonaro ainda não se deu conta. Mas seu governo faz uma economia tosca em área na qual o corte, além de revelar insensibilidade, não compensa o custo político.
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