Bolsonaro vive a síndrome do que ainda está por vir
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Jair Bolsonaro dispõe de uma vacina capaz de imunizá-lo contra a radioatividade do cadáver do miliciano Adriano da Nóbrega. Basta o presidente reconhecer a natureza criminosa das atividades do morto, desqualificando a biografia dele e a dos seus comparsas do escritório do crime, organização que chefiava no Rio de Janeiro. Mas Bolsonaro parece não ter condições de se imunizar com essa vacina. Por isso, o presidente prefere injetar no caso do miliciano o vírus da confusão.
Sem que ninguém perguntasse, Bolsonaro colocou em dúvida a perícia que ainda nem foi feita nos celulares apreendidos em poder do morto. O presidente pergunta: "Será que essa perícia poderá ser insuspeita?" Ele insinua: "Não queremos que sejam inseridos áudios no telefone de conversações no WhatsApp". Bolsonaro vai ao ponto: "Se uma pessoa for atingida, que pode ser eu, apesar de ser presidente da República, quanto tempo teria para ser feita uma nova perícia?"
O pano de fundo desse caso não é bonito. Nele estão gravadas as figuras de Fabrício Queiroz, o faz-tudo da família Bolsonaro, que foi colega na PM do miliciano Adriano, que foi defendido por Jair Bolsonaro na Câmara e homenageado por Flávio Bolsonaro na Assembleia do Rio. A mãe e a mulher do bandido foram acomodadas na folha salarial rachadinha do gabinete de Flávio. Agora no Senado, o filho do presidente se dedica a levantar a suspeita de que o miliciano foi executado e torturado. Flávio é ecoado pelo pai. Subitamente, os membros da família Bolsonaro se convertem em defensores dos direitos humanos.
O presidente deve saber o tamanho do buraco que o assedia. Seja qual for a dimensão do buraco, ele se tornará um problema enorme se passar a influenciar o rumo do governo. No momento, há uma economia andando de lado, uma reforma tributária por ser votada no Congresso e uma reforma administrativa que ainda nem seguiu para o Legislativo.
Num instante em que o governo precisa de paz, Bolsonaro gerencia a morte de um miliciano e compra briga com duas dezenas de governadores. Um presidente que age assim, parece tomado pelo pior tipo de medo. Bolsonaro vive a síndrome do que está por vir. Revela-se capaz de tudo, menos de explicar com desassombro suas relações com o miliciano.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.