Bolsonaro age para apagar fogo no 'Posto Ipiranga'
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Às voltas com a radioatividade do cadáver de um miliciano de estimação e a animosidade de 20 governadores, Jair Bolsonaro chega às vésperas do Carnaval com um problema novo: um foco de incêndio no seu "Posto Ipiranga". O presidente age para apagar o fogo.
"O Paulo Guedes não pediu para sair", disse o capitão nesta terça-feira (18/02), sem que ninguém perguntasse. "Aliás, eu tenho certeza que [...] ele vai continuar conosco até o nosso último dia". Tomado pelos comentários que faz em privado, Guedes não expressa a mesma "certeza" do chefe.
O ministro da Economia emite sinais de enfado. Queixa-se das pancadas que recebeu da mídia por conta dos comentários sobre os "parasitas" que se abrigam na máquina estatal e as domésticas que voavam para a Disneylândia quando o dólar estava barato. Reclama das gavetas do Planalto.
Bolsonaro vinha se abstendo de defender o seu ministro mais importante. E mantinha no gavetão dos assuntos pendentes uma reforma administrativa que Guedes considera vital. Ao sentir o cheiro de queimado, o capitão se deu conta de que precisa cuidar dos minutos, porque as horas do seu governo passam.
Com atraso, Bolsonaro moveu os lábios pelo ministro: "Se Paulo Guedes tem alguns problemas pontuais, como todos nós temos, e ele sofre ataques, é muito mais pela sua competência do que por possíveis pequenos deslizes. E eu já cometi muitos, muitos no passado." (No passado?!?!?)
De resto, o presidente decidiu correr com a reforma administrativa, parada no Planalto há três meses, desde novembro. Trabalha-se para enviar a peça ao Congresso nesta quarta-feira (19/02). A chance de ser votada antes da eleição municipal, como desejava Guedes, tornou-se nula.
Os afagos verbais de Bolsonaro em Guedes foram enfiados num discurso extemporâneo, feito na solenidade de posse dos ministros Braga Netto (Casa Civil) e Onyx Lorenzoni (Cidadania). Guedes estava na plateia. Sorriu amarelo.
Horas depois, o ministro participou de reunião com políticos, na casa oficial da presidência do Senado. Presentes, além do anfitrião Davi Alcolumbre, o presidente da Câmara Rodrigo Maia, o ministro Luiz Eduardo Ramos (Coordenação Política) e líderes partidários.
Nos próximos dias, Bolsonaro tende a exceder-se nos mimos a Guedes. Um incêndio no Posto Ipiranga teria potencial para explodir o quarteirão da economia, ameaçando o projeto da reeleição. Daí a preocupação em retirar o titular da Economia da quadro de enfado, que costuma anteceder o estado crônico de demissão. Para a poltrona de chefe da Economia, Bolsonaro não dispõe de peça de reposição. Não dá para convocar um general.
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