Nova política do capitão é feita de igrejas e militares
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Aos pouquinhos, vai se delineando a "nova política" de Jair Bolsonaro. Sem partido, o presidente conseguiu o milagre de dar um conteúdo governista a todas as denominações evangélicas. Sem base congressual, encostou sua presidência nas Forças Armadas.
Bolsonaro vê igrejas como diretórios partidários, pastores como cabos eleitorais. Projeta sua imagem nacionalmente sem vincular-se a superestruturas partidárias. Dos militares, ele extrai um apoio político capaz de estabilizar seu governo.
Mal comparando, o capitão busca nas igrejas uma capilaridade nacional que outros presidentes encontraram no velho PMDB. E transfere para a seara militar o toma lá, dá cá que azeitava as relações com o Legislativo.
Notícia publicada pela Folha neste domingo informa que, no primeiro ano de governo, Bolsonaro brindou o Ministério da Defesa com o maior reforço orçamentário. A pasta gastou R$ 6,3 bilhões acima do que estava previsto.
O governo injetou R$ 7,6 bilhões na Emgepron, uma estatal da Marinha que fabrica corvetas. Criou uma estatal militar nova, a NAV Brasil. Estima-se que terá um quadro de 13,5 mil funcionários.
Além de subverterem a lógica do liberalismo privatista do ministro Paulo Guedes (Economia), os militares beliscaram mimos numa reforma previdenciária mais branda, ornamentada com invejáveis reajustes salariais.
Em duas semanas, a pasta da Economia deve anunciar um novo contingenciamento (bloqueio) de gastos. Por ordem de Bolsonaro, as verbas destinadas a programas militares ficarão imunes à tesoura.
Não é que os militares não mereçam a deferência. O problema é que, num instante em que faltam verbas até para os miseráveis do Bolsa Família e para as pesquisas científicas, o privilégio orçamentário concedido às Forças Armadas oscila entre o contrassenso e a crueldade.
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