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Josias de Souza

Bolsonaro reduz a estatura do ministro Mandetta

Colunista do UOL

28/03/2020 03h49

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Bolsonaro encolheu Mandetta. Há uma semana, de acordo com estatísticas do Datafolha, o ministro da Saúde era 20 pontos percentuais mais alto do que o presidente.

O desempenho de Mandetta na guerra contra o coronavírus rendeu-lhe índice de aprovação de 55%. O chefe amealhou 35%. Não podendo elevar a própria estatura, Bolsonaro se ocupa de encolher o ministro.

Mandetta vive drama parecido com o de uma personagem criada pelo escritor gaúcho Josué Guimarães —uma mulher que diminuía diariamente de tamanho.

Para evitar que a senhora percebesse o próprio encolhimento, os familiares rebaixavam os móveis da casa. Serravam os pés da cama, de mesas e cadeiras.

Dá-se algo parecido com Mandetta. A diferença é que Bolsonaro leva o ministro a se retrair sem a gentileza da adaptação da mobília.

O encolhimento do titular da Saúde é mais visível na retórica. O linguajar técnico que rendia prestígio ao ministro acocora-se diante das conveniências políticas do chefe.

Se o doutor Mandetta não se cuidar, sua reputação profissional como médico logo caberá numa caixa de fósforos.

- Atualização feita às 18h07 deste sábado (28): O Ministério da Saúde atualizou a contabilidade do coronavírus: o número de diagnósticos positivos soltou para 3.904. Os cadáveres somam 114. Presente, o ministro Henrique Mandetta tomou distância da pregação de Bolsonaro em relação a alguns pontos. Entre eles a política de isolamento. Alvíssaras!