Política guia decisão sobre prorrogação de auxílio
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O governo concordou em prorrogar o vale-pandemia. Sob o argumento de que é preciso economizar para os dias piores, Paulo Guedes sugeriu o pagamento de duas parcelas adicionais de R$ 300. Sob a alegação de que os dias piores já chegaram, a cúpula do Congresso insiste na manutenção dos R$ 600. Imprensado entre o cofre vazio e o saco cheio dos cerca de 60 milhões de eleitores pobres que dependem do socorro, Bolsonaro evoluiu para a ideia de assegurar três parcelas declinantes: R$ 500, R$ 400 e R$ 300.
Há um quê de cálculo eleitoral na decisão de Bolsonaro. Na penúltima pesquisa do Datafolha, divulgada no final do mês passado, o presidente amealhou taxa de aprovação de 33%, dos quais 11% eram eleitores pobres que não votaram nele, mas foram seduzidos pelo vale-coronavírus. Bolsonaro não está em condições de desagradar essas pessoas. Daí a tentativa de se equilibrar entre a penúria fiscal e a pretensão eleitoral. Em nova sondagem, divulgada nesta quinta-feira, a aprovação de Bolsonaro se manteve estável: 32%.
Ao anunciar a novidade numa transmissão ao vivo pelas redes sociais, Bolsonaro fez questão de esclarecer que, somadas, suas três parcelas correspondem aos mesmos R$ 1.200 que resultariam do pagamento de um par de auxílios de R$ 600. Sentado ao lado, Guedes assentiu: "Tivemos três meses de R$ 600. Vamos ter mais três meses descendo: R$ 500, R$ 400 e R$ 300."
Simultaneamente, o governo se equipa para enviar ao Congresso a proposta de reformulação do Bolsa Família, que será rebatizada de Renda Brasil. A ideia é combinar o pagamento de um benefício fixo aos mais carentes com estímulos para reinserir no mercado formal de trabalho os brasileiros que ganham a vida na informalidade.
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