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Josias de Souza

Mandetta tem de passar álcool gel na ficha penal

Ueslei Marcelino/Reuters
Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

Colunista do UOL

24/07/2020 01h33

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A superexposição pandêmica criou asas em Henrique Mandetta. Numa entrevista à BandNews, ele costeou o alambrado de 2022: "Vou estar em praça pública lutando por algo em que eu acredito." Perguntaram-lhe se seria candidato a presidente da República. E o ex-ministro: "A presidente, a vice-presidente."

Como se vê, Mandetta deseja alçar voo. Antes, convém passar álcool gel na ficha penal. Tantas coisas boas foram associadas à gestão do ortopedista na pasta da Saúde que as pessoas se esquecem que ele chegou à Esplanada exibindo a fratura de um processo em que é acusado de fraude em licitação, tráfico de influência e caixa dois. Coisa relacionada à sua gestão como secretário de Saúde de Campo Grande.

Mandetta teve o cuidado de avisar a Bolsonaro antes da posse: "Falei: olha, presidente, o senhor queria falar comigo, ótimo, estou orgulhoso, desafio grande, mas está aqui ó: tem isso, tem aquilo, tem inquérito, tem juiz, eu não sou afeito aos termos advocatícios. Ele me disse que eu não era nem réu, eu falei que não, mas eu mandei ele averiguar."

Na época, Bolsonaro foi questionado pelos repórteres. Deu de ombros: "Olha só, tem uma acusação contra ele de 2009, se eu não me engano. Não é nem réu ainda. O que está acertado entre nós? Qualquer denúncia ou acusação que seja robusta, não fará mais parte do nosso governo." Mandetta estava com o sigilo bancário quebrado e os bens bloqueados.

O doutor deveria ter com o eleitorado a mesma delicadeza que teve com Bolsonaro. Ao mencionar a hipótese de disputar o assento de presidente, precisa esclarecer se conseguirá exibir na campanha uma ficha penal livre de infecções.