Alta de preços aguça o populismo de Bolsonaro
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A alta no preço dos alimentos é preocupante. Os sinais de que Jair Bolsonaro ameaça responder às variações de preços a golpes de populismo preocupa ainda mais. O velho economista Roberto Campos, avô do atual presidente do Banco Central, costumava dizer que "o mercado se pauta pela lei da oferta e da procura, não pelas normas do Diário Oficial."
Quando o presidente começa a apelar para o patriotismo dos donos de supermercados, a coisa fica esquisita. Quando o Ministério da Justiça entra em cena para tratar de um assunto que pertence à esfera de atuação do Ministério da Economia, a esquisitice evolui do palavrório para as fronteiras do Diário Oficial.
Não é agradável que, em plena recessão, o preço de alimentos da cesta básica suba em percentuais acima de dois dígitos: o feijão ficou 20% mais caro; o leite, 23%; o óleo de soja, 18,3%; o arroz, 19,25%. Tudo muito lamentável. Mas o fenômeno não se resolve com apelos ao patriotismo nem com cobranças ou ameaças feitas por intermédio do Ministério da Justiça.
Sempre que o governo interveio na economia de forma artificial o resultado foi o desastre. Isso aconteceu, por exemplo, quando José Sarney congelou os preços e mandou a Polícia Federal laçar bois no pasto, sob a alegação de que os pecuaristas escondiam a carne. Ou quando Dilma Rousseff achou que seria possível baixar os preços da conta de luz e as taxas de juros por decreto.
O preço dos alimentos sobe sobretudo por duas razões. Primeiro porque o vale corona de R$ 600 aumentou o consumo das famílias. Segundo porque o dólar alto tornou ainda mais lucrativo exportar grãos do que vender os produtos no mercado interno.
A ministra Tereza Cristina (Agricultura) prevê que a safra será boa o bastante para aumentar a oferta de alimentos. A procura, infelizmente, deve cair junto com a redução do auxílio emergencial para R$ 300 mensais. Providências como zerar a alíquota de importação de arroz são adequadas e necessárias, para forçar a concorrência. O que não se admite é que Bolsonaro queira revogar a lei da oferta e da procura.
Quando o capitão declarou que havia encontrado um Posto Ipiranga para abastecer sua ignorância econômica, faziam-se apostas sobre qual das diatribes do capitão produziria a crise que faria o ministro jogar tudo para o alto e cumprir a ameaça que já repetiu algumas vezes: "Pego um avião e vou morar no exterior." Não há sinal de que Paulo Guedes tenha retomado a ideia de fazer as malas. Assim, convém marcar uma conversa com o chefe.
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