Josias de Souza

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Opinião

Clima de insegurança dentro do cofre do Tesouro é inquietante

Já se sabia que o dinheiro do orçamento federal sai pelo ladrão porque os ladrões continuam entrando no orçamento. Descobre-se agora que assaltantes invadiram também o Siaf, sistema de pagamentos da União. É tamanho o clima de insegurança no cofre do Tesouro que até os sentimentos assaltam o contribuinte.

Dois sentimentos tomam o brasileiro de assalto quando ele paga impostos. Primeiro, bate uma saudade. Depois, uma certa apreensão. Angustia-se com a certeza de que jamais verá novamente o fruto do seu suor. Inquieta-se com a incerteza quanto ao futuro do seu dinheirinho. Nunca se sabe o que pode acontecer com ele depois de recolhido ao cofre do Tesouro.

A Polícia Federal descobriu que, manuseando senhas habilitadas, os ladrões do Siafi surrupiaram pelo menos R$ 3,5 milhões via Pix. Uma dúvida também assalta o cidadão nesse instante em que a Receita recolhe as declarações de Imposto de Renda. Quanto terá sido desviado antes da descoberta dessa pixcaretagem?

Por enquanto, foram recuperados R$ 2 milhões. Estavam na conta de um comércio de móveis e eletrodomésticos de Campinas. Suspeita-se que R$ 1,5 milhão tenha fugido parar numa conta no exterior. Na última sexta-feira, os invasores do sistema de pagamentos do governo tentaram assaltar mais R$ 9 milhões, sempre via Pix.

O cofre do Tesouro virou zona de grande perigo. Ali, o dinheiro é cortado de programas de bolsa de estudo e da farmácia popular para financiar emendas como a dos kits de robótica. No último Carnaval passado, sem qualquer aviso, Arthur Lira levou um naco de dinheiro público para desfilar na Sacupaí em jato da FAB.

Se o contribuinte pudesse visitar o seu dinheiro dentro do cofre do Tesouro, decerto rogaria a Fernando Haddad: "Esse aqui, ministro, prefiro que use no Bolsa Família antes que seja assaltado. Eu sei, eu sei, é pouco. Mas é meu".

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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