Propaganda de Doria sobre asfalto é injustificável
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O processo que resultou no bloqueio de R$ 29,4 milhões em bens do governador tucano de São Paulo demonstra que João Doria, quando comandava a prefeitura da capital paulista, transformou gasto com publicidade numa modalidade da velha prática de jogar verba pública pela janela. Tratou dinheiro público como se fosse dinheiro grátis. Não é. Custa o suor de brasileiros que, depois de esfolados, são chamados inadequadamente de contribuintes.
Prefeito, Doria lançou um programa chamado Asfalto Novo. Gastou R$ 461 milhões em obras de pavimentação de ruas. E achou que seria uma boa ideia aplicar o equivalente a 21% desse valor numa campanha publicitária sobre a iniciativa. Bateu bumbo num instante em que se equipava para trocar a poltrona de prefeito pelo palanque da campanha em que se elegeu governador.
Em português claro: o paulistano foi às urnas, elegeu um síndico para São Paulo, e o escolhido torrou dinheiro do eleitor para transformar a obrigação elementar de zelar pela qualidade do asfalto em pavimentação política. Pela lei, a publicidade governamental deve ter caráter educativo, informativo ou de orientação. Não há nada disso numa campanha que trombeteia o recapeamento de vias públicas.
O ministério público farejou na iniciativa um quê de promoção pessoal, o que transforma o gasto em improbidade administrativa. Doria alega que não fez senão tapar buracos da cidade. O problema não está nos buracos, mas no bumbo. A defesa do governador estranhou que o bloqueio de bens ocorra às vésperas das eleições municipais. Insinuou que se trata de perseguição política. Uma evidência de que nada se cria, nada se transforma. Na política brasileira, copiam-se até as desculpas.
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