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Josias de Souza

Realidade intima Congresso Nacional a trabalhar

Colunista do UOL

01/02/2021 20h17

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Com a definição dos novos comandantes da Câmara e do Senado, os mandarins de Brasília terão de encarar uma realidade que vem sendo negligenciada desde meados do ano passado. Legislativo e Executivo vinham se dedicando às intrincadas articulações que deram ao centrão uma aparência de protagonista. Agora, terão de se dedicar a atividades menos estéreis do que os rodopios políticos. Serão compelidos a trabalhar.

O Brasil vive uma emergência sanitária e econômica. Faltam vacinas, empregos e equilíbrio fiscal. Mas os operadores de Brasília dedicavam-se a empurrar os problemas com a barriga. Primeiro alegou-se que o Congresso não podia votar nada de relevante porque os parlamentares estavam com as atenções voltadas para as eleições municipais. Depois, argumentou-se que a sucessão interna do Legislativo envenenava o ambiente político. Avolumaram-se os problemas. E acabaram-se as desculpas.

O Congresso não aprovou nem mesmo o Orçamento da União para este ano de 2021. Foram represadas reformas econômicas estratégicas —as privatizações; a reforma administrativa; a tributária; a emenda da emergência fiscal, que autoriza o governo a suspender concursos, reduzir jornada e salários de servidores para evitar o estouro do teto de gastos públicos.

Paulo Guedes avalia que as reformas serão destravadas. Falta ao ministro da Economia convencer Jair Bolsonaro a esquecer sua pauta de costumes e suar o paletó pela agenda liberal.

Há nos debates de Brasília um déficit de interesse público. Estudo feito pela FGV revelou que o auxílio emergencial da pandemia —nas suas versões de R$ 600 e de R$ 300— produziu em nove meses o efeito de nove anos de Bolsa Família. Algo como 16 milhões de brasileiros saíram da pobreza repentinamente. Essas pessoas voltaram a viver com menos de meio salário mínimo na virada do Ano Novo.

Acabou o socorro, continua a pandemia. A maioria do Congresso defende a volta do auxílio emergencial. Resta informar de onde virá o dinheiro. Por enquanto, os articuladores do Congresso preocuparam-se em restaurar "o toma lá, dá cá". Acertaram com o Planalto o "toma lá". Falta definir o "dá cá".