Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Falta uma palavra de Bolsonaro no debate social
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Bem alimentados, burocratas do governo e oligarcas do Congresso discutem há quase nove meses a criação de um programa social capaz de atenuar a fome e a miséria, dois flagelos que a pandemia agravou. A iniciativa chegou a ser batizada: Renda Brasil. Seria um Bolsa Família mais gordo. Chegaria aos bolsos dos necessitados em janeiro, nas pegadas do auxílio emergencial que ajudou a encher a geladeira até 31 de dezembro.
Com o Tesouro Nacional em ruínas, a despesa nova exigia o corte de gastos antigos. Desperdiçou-se todo o segundo semestre de 2020 procurando a resposta para uma interrogação: Onde passar o facão? Subverteu-se até o brocardo. Adotou-se o lema segundo o qual nunca se deve deixar para amanhã o que você pode deixar hoje. Alegou-se que a prioridade eram as eleições municipais. Depois, as eleições para as presidências da Câmara e do Senado.
A pandemia da "gripezinha" agravou-se. O auxílio emergencial sumiu. Passou janeiro. Fevereiro logo irá para o beleléu. E nada. Vendeu-se a ilusão de que o casamento de Bolsonaro com o centrão dissolveria os impasses. Engano. Paulo Guedes pede rigor fiscal. "Precisamos pagar por nossas guerras", diz o ministro da Economia. Os congressistas respondem que a fome não pode esperar. Puxa daqui, estica dali, já se ouve ao fundo um debate tóxico sobre a criação de imposto para financiar não um programa definitivo, mas uma nova rodada do auxilio emergencial.
Jair Bolsonaro frequenta o debate mais ou menos como o freguês que entra no restaurante, senta-se à mesa, lê o menu e diz ao garçom o que não quer comer. No ano passado, recusou-se a digerir o corte de benefícios sociais ou o congelamento do salário mínimo e de aposentadorias. Não vou tirar dos paupérrimos para dar aos pobres, disse. O presidente precisa abandonar a posição de espectador para informar aos garçons do centrão o que deseja. No presidencialismo, o presidente pode ser a imagem da tranquilidade ou o rosto da crise.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.