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Josias de Souza

REPORTAGEM

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Aliados de Bolsonaro colocam em pé CPI do B, com governadores e prefeitos

Carolina Antunes / Presidência da República
Imagem: Carolina Antunes / Presidência da República

Colunista do UOL

12/04/2021 14h36

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Malsucedido na estratégia de retirar assinaturas da CPI da Covid, o Planalto adotou um plano alternativo para embaralhar as investigações. Governistas descarregaram rubricas num requerimento que convoca uma CPI do B, incluindo na investigação legislativa, além da União, inquéritos abertos pela Polícia Federal contra governadores e prefeitos.

Assinaram o pedido 34 senadores. A lista inclui até o primogênito Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), o líder do governo Fernando Bezerra (MDB-PE) e Chico Rodrigues (DEM-RR), o amigo do presidente que foi pilhado com dinheiro na cueca. O objetivo é embaralhar a CPI original, pedida pelo líder oposicionista Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que obteve o apoio de 32 senadores para investigar omissões do governo federal.

Chama-se Eduardo Girão (Podemos-CE) o autor do requerimento para a instalação da CPI do B. A iniciativa não é nova. A coleta de apoios foi deflagrada no início de março. Mas apenas 17 senadores se animaram a subscrever o documento. Pelo regimento interno do Senado, são necessárias pelo menos 27 rubricas para que uma CPI seja instalada. Randolfe ultrapassou essa marca em primeiro lugar.

A CPI do B esbarra num obstáculo legal. O artigo 146 do regimento interno do Senado anota o seguinte: "Não se admitirá comissão parlamentar de inquérito sobre matérias pertinentes à Câmara dos Deputados, às atribuições do Poder Judiciário e aos estados." Quer dizer: se a CPI da Covid esbarrar em desvios praticados por governadores, como parece provável, pode informar ao Ministério Público e à Assembleia Legislativa do respectivo estado.

O pedido de CPI ampliada será apresentado nesta terça-feira, no plenário do Senado, na mesma sessão em que o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), pretende cumprir a ordem do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo, de formalizar a criação da CPI original, que tem como alvo "apurar as ações e omissões do governo federal no enfrentamento da pandemia da Covid-19 no Brasil, em especial no agravamento da crise sanitária no Amazonas com a ausência de oxigênio para os pacientes internados."

Aos poucos, Bolsonaro vai conseguindo atingir o propósito escancarado na conversa telefônica que manteve com o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) na noite de sábado: "Se não mudar o objetivo da CPI, ela vai vir para cima de mim. O que tem que fazer para ser uma CPI útil para o Brasil: mudar a amplitude dela, bota presidente da República, governadores e prefeitos." Sem a mudança de foco, disse o presidente, "a CPI vai simplesmente ouvir o Pazuello, ouvir gente nossa, para fazer um relatório sacana."

Vai abaixo a relação dos signatários da CPI do B:

1. Eduardo Girão (Podemos-CE)

2. Álvaro Dias (Podemos-PR)

3. Jorge Kajuru (Cidadania-GO)

4. Flávio Arns (Podemos-PR)

5. Alessandro Vieira (Cidadania-SE)

6. Styvenson Valentim (Podemos-RN)

7. Oriovisto Guimarães (Podemos-PR)

8. Reguffe (Podemos-DF)

9. Lasier Martins (Podemos-RS)

10. Paulo Paim (PT-RS)

11. Plínio Valério (PSDB-AM)

12. Rose de Freitas (MDB-ES)

13. Izalci Lucas (PSDB-DF)

14. Soraya Thronicke (PSL-MS)

15. Marcos do Val (Podemos-ES)

16. Luis Carlos Heinze (PP-RS)

17. Esperidião Amin (PP-SC)

18. Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE)

20. Elmano Férrer (PP-PI)

21. Carlos Viana (PSD-MG)

22. Vanderlan Cardoso (PSD-GO)

23. Chico Rodrigues (DEM-RR)

24. Zequinha Marinho (PSC-PA)

25. Eduardo Braga (MDB-AM)

26. Marcos Rogério (DEM-RO)

27. Carlos Fávaro (PSD-MT)

28. Mecias de Jesus (Republicanos-RR)

29. Luis do Carmo (MDB-GO)

30. Ciro Nogueira (PP-PI)

31. Roberto Rocha (PSDB-MA)

32. Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ)

33. Marcio Bittar (MDB-AC)

34. Rodrigo Cunha (PSDB-AL)