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Josias de Souza

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Ao cortar uma verba que prometia dobrar, Bolsonaro age como um 'sub-Dilmo'

Ricardo Moraes/Reuters/Evaristo Sá/AFP   Leia mais em: https://veja.abril.com.br/politica/stf-da-15-dias-para-bolsonaro-explicar-declaracoes-sobre-dilma/
Imagem: Ricardo Moraes/Reuters/Evaristo Sá/AFP Leia mais em: https://veja.abril.com.br/politica/stf-da-15-dias-para-bolsonaro-explicar-declaracoes-sobre-dilma/

Colunista do UOL

23/04/2021 19h32

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Em julho de 2015, a então presidente Dilma Rousseff se autoimpôs uma meta inusitada. Ela discorria sobre a nova fase de uma iniciativa que considerava estratégica: o Pronatec, Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego. Declarou o seguinte: "Não vamos colocar uma meta. Vamos deixar uma meta aberta. Quando a gente atingir a meta, nós dobramos a meta". Bolsonaro conseguiu a proeza de virar uma espécie de sub-Dilmo. Ele passou na lâmina um orçamento ambiental que prometera dobrar.

"Apesar das limitações orçamentárias do governo, determinei o fortalecimento dos órgãos ambientais, duplicando os recursos destinados às ações de fiscalização", declarou Bolsonaro na abertura da Cúpula do Clima, na quinta-feira. Horas depois, o antiministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) disse que não seria possível estimar a cifra, pois o Orçamento de 2021 não fora fechado. "O que houver de disponibilidade o presidente vai dobrar o recurso", desconversou.

Nesta sexta-feira, quando se imaginava que Bolsonaro imitara Dilma, dobrando o nada, o capitão surpreendeu. Autorizou que fossem cortados quase R$ 240 milhões do Ministério do Meio Ambiente.

Antes de se autoconverter em sub-Dilmo, Bolsonaro imaginava ter impressionado os chefes de Estado reunidos na Cúpula do Clima convocada por Joe Biden. Não se deu conta de que lida com gente que tira a meia sem tirar o sapato.

Antes do corte no orçamento ambiental, o pronunciamento do presidente brasileiro valia apenas até certo ponto. O ponto de interrogação. Agora, não vale nada.