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Maior prefeitura do país está em mãos precárias
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O agravamento do quadro de saúde do prefeito de São Paulo, Bruno Covas, produz dois tipos de reflexão —uma de natureza humanitária, outra de caráter político. Antes de tudo, deve-se louvar o empenho com que o prefeito luta contra um câncer digestivo. Não cabe senão torcer para que ele supere suas aflições em prazo tão breve quanto possível. O paciente vinha tentando conciliar o tratamento médico com a rotina de prefeito. Mas foi forçado a pedir licença por 30 dias.
Surge, então, a segunda reflexão. Quem assumiu provisoriamente os negócios da prefeitura da maior cidade do país foi um vice-prefeito que atravessou a campanha eleitoral do ano passado brincando de esconde-esconde, fugindo de sabatinas e de debates. Chama-se Ricardo Nunes. Trata-se de um ex-vereador do MDB. Durante a disputa eleitoral, ele foi pendurado nas manchetes em posição incômoda. Descobriu-se que o seu grupo político faturou pelo menos R$ 1,4 milhão por ano alugando imóveis para creches bancadas pela prefeitura. Os valores médios superavam os parâmetros de referência da administração municipal.
Descobriu-se também que a mulher de Ricardo Nunes registrou em 2011 boletim de ocorrência contra ele por violência doméstica, ameaça e injúria. O casal se reconciliou posteriormente. E a investigação não prosseguiu. Mas ambos tiveram que se justificar. Atribuíram o desentendimento a uma instabilidade emocional momentânea. No mais, o eleitor paulistano que reelegeu Bruno Covas foi às urnas sem saber quais seriam os talentos do vice que agora é convocado pelas circunstâncias a substituir o titular.
Num país com o histórico político do Brasil, a escolha dos candidatos a vice deveria ser levada mais a sério. Apenas no plano federal, três vices assumiram a Presidência da República, por diferentes razões, no período pós-redemocratização: José Sarney, Itamar Franco e Michel Temer. Nesse contexto, é lamentável que a maior e mais importante capital do país seja governada, ainda que temporariamente, por um personagem escolhido não por suas qualidades invisíveis, mas pela conveniência dos conchavos interpartidários.
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