Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Rua cheia... Vírus não perde por esperar. Ganha!
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O problema do Brasil não é sanitário nem moral. É dramático. Bolsonaro transforma sua Presidência num comício. Cai a máscara do candidato. Dá expediente na campanha full time. Provoca a reação da turma do "Fora, Bolsonaro". E o país assiste a um balé macabro. Uma espécie de "A Morte do Cisne", só que estrelada por elefantes. O asfalto virou palco de um pas de deux da morte.
De um lado, o aglomerador heavy, bolsonarista. Sem máscara. Do outro, o aglomerador light, anti-Bolsonaro. Com máscara. E banhado em álcool gel. A ausência na plateia de meio milhão de mortos revela que o vírus não perde por esperar. Ganha.
Além de gotículas de saliva contaminada, há na atmosfera um quê de descontrole. Bolsonaro foge ao controle do centrão. Lula e o PT vão a reboque dos movimentos sociais. A terceira via, atônita, se engarrafa em reuniões fechadas sem se dar conta de que 2022 trafega pelas redes sociais, de onde partem as convocações que escorrem pelo meio-fio.
Motociatas da cloroquina para a direita. Passeatas da vacina para a esquerda. O bom senso para as alturas. É como se o brasileiro, com a pandemia a pino, informasse ao mundo que decidiu encarar com naturalidade a anormalidade de sua vida normal.
Conhecido como o mais antigo país do futuro do mundo, o Brasil finalmente assume um papel de destaque. Faz o pior na pandemia da melhor maneira que pode. Bolsonaro e seus devotos aglomeram-se para desacatar os cientistas. Anti-bolsonaristas aglomeram-se para exigir respeito à ciência. E o balé de elefantes vai ganhando uma aparência de ficção científica.
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