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Depoimento de Bolsonaro causa mal-estar na PF
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O depoimento de Bolsonaro no inquérito sobre a interferência política na Polícia Federal provocou mal-estar na corporação. O "interrogatório" foi desqualificado por colegas do delegado Leopoldo Soares Lacerda, que ouviu o presidente na noite de quarta-feira, no Planalto. Avaliou-se que a inquirição foi organizada não para explorar as contradições do investigado, mas para acomodar as versões de Bolsonaro dentro do processo.
Com receio de sofrer retaliações, os delegados manifestaram suas críticas reservadamente. "A montanha pariu um vexame", disse um deles. Outro definiu o interrogatório como "um dueto". Coisa ensaiada. "Lendo as perguntas e as respostas, tive a sensação de estar diante de uma partitura harmoniosa composta para duas vozes", afirmou.
Os delegados criticam também Alexandre de Moraes, relator do inquérito no Supremo. Consideram incompreensível o despacho em que o ministro afastou do comando da investigação, no final de agosto, o delegado Felipe Alcântara Leal. Por decisão do diretor-geral da PF, Paulo Maiurino, homem da confiança de Bolsonaro, Felipe Leal foi substituto pelo delegado Leopoldo Lacerda, chefe da Coordenação de Inquéritos nos Tribunais Superiores.
Estranhou-se, de resto, a autorização dada por Alexandre de Moraes para que o delegado marcasse a inquirição de Bolsonaro sem comunicar aos advogados de Sergio Moro, que também é investigado a pedido do procurador-geral da República Augusto Aras. O inquérito se encaminha agora para as conclusões. Dissemina-se na PF e no Planalto a certeza de que Bolsonaro sairá ileso. Não se exclui a hipótese de Moro ser acusado de denunciação caluniosa.
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