Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Moro chega à arena eleitoral como um alienígena
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Sergio Moro sobe ao ringue eleitoral como uma espécie de alienígena. No planeta Lava Jato, ele era um magistrado todo-poderoso. Emitia ordens de prisão e anotava no final: "Cumpra-se". Desde que trocou a 13ª Vara Federal de Curitiba pelo Ministério da Justiça de Bolsonaro, Moro passou a ser prisioneiro do labirinto da política.
Nesse ambiente, o sujeito chega a Brasília imaginando que é um superministro e percebe que a ordem "me traz um café bem quente e bem forte" pode ser apenas algo que se diz antes de tomar um café bem fraco e bem frio.
Ao sentar praça no Podemos, Moro se equipou formalmente para participar de uma corrida presidencial que é liderada por personagens que grudaram em sua biografia marcas pouco lisonjeiras. Bolsonaro enferrujou a fama de juiz perspicaz. E Lula providenciou para que o Supremo lhe concedesse o título de juiz suspeito.
Quando migrou de Curitiba para Brasília, Moro disse que estava "cansado de tomar bolas nas costas". Achava que seu trabalho na Lava Jato "poderia se perder se não impulsionasse reformas maiores, que não poderia fazer como juiz." Como ministro, além de bolas por trás, especializou-se em levar caneladas.
Como candidato, Moro incluiu no seu repertório escândalos com os quais conviveu gostosamente enquanto emprestou sua fama para a família Bolsonaro usar. "Chega de corrupção, chega de mensalão, chega de petrolão, chega de rachadinha, chega de orçamento secreto", discursou o neocandidato no ato de filiação ao Podemos.
O combate à corrupção, assunto predileto de Moro, foi o tema central de 2018. Não será mais. A promiscuidade tornou-se tão generalizada que roubaram até a esperança do eleitor.
A decoração do ambiente em que o ex-juiz se lançou como pré-candidato foi ornamentada com palavras que sinalizam que a disputa de 2022 tornou-se pluritemática: "educação", "saúde", "trabalho", "sustentabilidade" e "comida no prato".
Sob Bolsonaro, Moro descobriu da pior maneira que o universo da política é habitado por três tipos de personagens. Tem gente que faz, tem gente que manda fazer e tem os alienígenas, que perguntam no final: "O que está acontecendo?"
Na arena eleitoral, Moro é apenas mais um candidato de terceira via à procura de discurso. Pode rebater provocações de Lula. Pode roubar alguns votos de Bolsonaro.
Pode também soar ambicioso: "Precisamos nos unir em torno de um projeto que tenha as seguintes linhas: combater a corrupção; reduzir a pobreza; reduzir a inflação; gerar empregos; proteger a família e respeitar o próximo, o diferente."
Infelizmente, Moro já não pode anotar "cumpra-se" no rodapé de uma sentença. Dependendo da evolução das pesquisas, talvez possa sair pela porta lateral de uma candidatura ao Senado.
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