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PSDB define nas prévias caminho para o fiasco
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O PSDB realiza neste domingo eleições prévias. O partido alardeia que escolherá um candidato ao Planalto. Meia verdade. Nem todos os tucanos caíram em si. Mas o perigo da meia verdade é realçar exatamente a metade que é mentira. Na realidade, a disputa interna servirá para que o tucanato escolha o seu próprio caminho para o fiasco.
Há dois candidatos no páreo: os governadores de São Paulo, João Doria; e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Ambos frequentam o rodapé das pesquisas eleitorais. Significa dizer que, seja quem for o vitorioso das prévias, o PSDB será representado em 2022 por um candidato à derrota.
Arthur Virgílio, ex-senador e ex-prefeito de Manaus, participa das prévias como anticandidato. Acabou se tornando uma espécie de voz da consciência que o PSDB perdeu. Testemunha de embates autofágicos entre Doria e Leite, Virgílio encostou nas ruínas do partido o passado remoto do tucanato.
Foi como se Virgílio desejasse realçar que o PSDB já não é o que foi na época em que Franco Montoro, Mario Covas e Fernando Henrique o fundaram. E ainda não sabe o que será depois que se der conta de que virou um apêndice do centrão, a serviço de Bolsonaro na Câmara.
Copiadas do modelo dos Estados Unidos, as prévias teriam dois propósitos: 1) transferir a escolha do candidato da cúpula para a base do partido, dissolvendo as divergências em debates que unificariam o ninho em torno do bico mais afiado. 2) Atrair as atenções da sociedade para as ideias do PSDB. Deu errado. Ganharam mais realce as picuinhas que desunem. A plateia deu de ombros.
Desde o fim do governo FHC, em 2002, o PSDB não retornou mais ao poder federal. Hoje, metade de sua bancada de deputados faz fila na porta do gabinete do líder do centrão Arthur Lira, o réu que preside a Câmara, para beliscar as emendas secretas do orçamento federal. Liderado por Aécio Neves, o pedaço do ninho que opera com código de barras vende a alma por uns trocados. Manda às favas a responsabilidade fiscal que veio à luz na Era FHC.
No ano que vem, o jejum de poder do PSDB fará aniversário de 20 anos. Para interrompê-lo, o presidenciável tucano precisaria unificar a chamada terceira via, consolidando-se como alternativa real à polarização entre Lula e Bolsonaro. O problema é que o PSDB não consegue unificar nem a si mesmo. Continua sendo uma legenda de amigos 100% feita de inimigos.
Ex-padrinho de Doria, Geraldo Alckmin chama sua criatura de traidor. Aproxima-se da porta de saída sob o assédio de Lula, que o enxerga como potencial vice na chapa petista. Aliado de Leite, Aécio Neves sonha em convertê-lo em vice de uma chapa qualquer. Nesse ambiente, o escolhido do PSDB entrará na corrida presidencial como candidato favorito ao infortúnio.
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