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Bolsonarismo mastiga a si mesmo num ritual macabro de canibalismo
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Imaginava-se que a autofagia fosse uma doença da esquerda. Mas a fome com que Eduardo Bolsonaro avançou sobre o ex-ministro Abraham Weintraub, agora um crítico da rendição do ex-chefe aos caciques do centrão, revela que o bolsonarismo herdou a fúria canibal dos índios caetés, que comeram o bispo Pero Fernandes Sardinha no ano de 1556, no litoral de Alagoas.
Abraham Weintraub e seu irmão Arthur irritaram-se porque o secretário de Cultura Mário Frias curtiu um tuíte que insinuava que o ex-ministro da Educação poderia ser preso. Em reação, Eduardo Bolsonaro mastigou os irmãos Weintraub: "Todo este tempo que nós engolíamos sapos na verdade era a chance para eles se corrigirem, mas nada foi feito. Então agora está aí tudo às claras."
Em movimento simultâneo, o ministro das Comunicações Fábio Faria, da tribo do centrão, abriu processo judicial contra o ex-chanceler Ernesto Araújo, outro ex-aliado que virou crítico da hegemonia do centrão no governo. Faria considerou caluniosa a insinuação de Araújo de que ele teria favorecido a China nos negócios da tecnologia 5G.
Até ontem, Weintraub e Araújo compunham a matilha de pitbulls adestrados para morder os adversários de Bolsonaro. Agora, são traçados pelo bolsonarismo e pelo centrão.
O rito antropofágico é bom porque expõe às claras, num ano eleitoral, as entranhas do bolsonarismo. O ruim é que o ritual macabro de canibalismo tenha começado apenas depois que Weintraub e Araújo já desossaram a Educação e a política externa do Brasil.
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