Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Lua de mel e odisseia de fel camuflam o déficit programático da campanha
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Há um déficit programático na campanha dos dois candidatos que frequentam o topo das pesquisas. Estacionado na primeira colocação, Lula transforma sua lua de mel em parte do marketing eleitoral. Com um pé no segundo turno, Bolsonaro intensifica sua odisseia de fel. O amor e a bílis não oferecem soluções para ruínas como a inflação, o desemprego e a fome. Mas os candidatos não parecem preocupados com isso.
Lula deixou a cadeia em novembro de 2019. Desde então, vive sob o mesmo teto com Rosângela da Silva, a Janja. Esperou quase três anos para formalizar a união. Metódico, Lula optou por encaixar o casamento com sua terceira mulher no meio da campanha pelo terceiro mandato. Recicla um bordão da vitoriosa campanha de 20 anos atrás, Em 2022, dizia que a esperança venceria o medo. Agora, afirma que o amor vencerá o ódio.
Bolsonaro teve três anos e meio para produzir soluções. Autoconvertido em parte do problema, dedica-se a produzir crises. Nos últimos dias, disse que as eleições podem ser "conturbadas", chamou os defensores da democracia de "psicopatas" e "imbecis", disse que jamais será preso, convidou o povo a se armar, e moveu ação judicial por "abuso de autoridade" contra Alexandre de Moraes, o magistrado que comandará as eleições como presidente do TSE.
Lula disse à revista Time que só falará sobre economia depois de eleito. Aconselhou os curiosos a olharem para o que foi feito nos seus dois mandatos. Bolsonaro sustenta que não tem nada a ver com os problemas que afligem o brasileiro. Ele culpa a guerra na Ucrânia, a pandemia e os governadores. Com seu radicalismo de resultados, Bolsonaro se mantém no noticiário e gira ao redor dos 30% nas pesquisas. Deixá-lo sem resposta não parece recomendável. Responder com conto de fadas e lua de mel pode ser insuficiente.
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